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É preciso alertar sobre a variante extremamente rara da gripe aviária?

Amostras indicaram baixa transmissibilidade entre humanos. Apesar disso, a situação requer vigilância contínua dos profissionais de saúde

Por João Renato Rebello*
14 jun 2024, 08h00

No último mês, o México notificou a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) sobre o primeiro caso confirmado de infecção humana pelo vírus influenza aviária A tipo H5N2. A vítima, um homem de 59 anos residente no Estado do México, estava hospitalizado e não tinha histórico de exposição a aves ou outros animais. O paciente, que apresentava múltiplas comorbidades e estava acamado havia três semanas por outras razões, manifestou sintomas agudos, tornando-se a primeira vítima documentada dessa variante em humanos.

Os vírus influenza A são conhecidos por infectar uma ampla gama de hospedeiros, incluindo aves, porcos, humanos e outros mamíferos. Eles podem causar epidemias de gripe com diferentes graus de gravidade. Subtipos como H1N1 e H3N2 são os mais comuns em humanos.

O paciente desenvolveu febre, falta de ar, diarreia, náuseas e mal-estar geral. Esses sintomas se agravaram rapidamente, levando-o a buscar atendimento médico. Ele foi internado no Instituto Nacional de Doenças Respiratórias e faleceu no mesmo dia devido a complicações. O diagnóstico foi confirmado por reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), realizada em uma amostra respiratória do final de abril. Inicialmente não subtipada, a amostra foi sequenciada pelo Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Pesquisa em Doenças Infecciosas do México, onde foi confirmada a presença do vírus H5N2.

As autoridades de saúde mexicanas implementaram medidas rigorosas de controle e prevenção para evitar a propagação da nova variante. Entre os 17 contatos identificados e monitorados no hospital, apenas um apresentou corrimento nasal, mas todos os testes para influenza e SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19, tiveram resultados negativos. Amostras adicionais de outros contatos também foram negativas, indicando uma baixa transmissibilidade entre humanos.

Embora os vírus influenza A/H5, incluindo o H5N2, sejam geralmente encontrados em animais e não se repliquem facilmente entre humanos, a situação requer vigilância contínua por parte dos profissionais de saúde e virologistas. Casos esporádicos de infecção humana podem ocorrer, especialmente em indivíduos com exposição a aves contaminadas. Até o momento, não há evidências de que o H5N2 tenha adquirido a capacidade de se disseminar sustentadamente entre humanos.

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Esse caso no México serve como um lembrete sobre a importância da vacinação anual contra a gripe, que pode prevenir a infecção e reduzir o impacto na saúde pública. Embora as vacinas atuais não cubram diretamente o H5N2, elas são essenciais para proteger contra os tipos mais comuns de influenza. A situação destaca a necessidade de monitoramento contínuo e prontidão para responder a emergências de saúde pública, especialmente diante do surgimento de novas variantes virais.

*João Renato Rebello é médico patologista clínico e membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML)

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