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Maternidade tardia: como ter uma gravidez saudável depois dos 40?

Anúncio das gestações de Gisele Bündchen e Sabrina Sato planta dúvidas e questões sobre essa tendência na sociedade; especialista desmistifica o assunto

Por Marcelo Marinho de Souza*
6 nov 2024, 10h31

Com as notícias das gestações da modelo Gisele Bündchen, aos 44 anos, e da apresentadora Sabrina Sato, aos 43 anos, a dúvida sobre a maternidade acima dos 40 anos chegou com força aos consultórios médicos. De fato, a maternidade tardia é uma realidade cada vez mais comum, consequência de importantes mudanças sociais.

Com a possibilidade de focar na carreira, buscar a estabilidade financeira e realizar seus próprios sonhos, muitas mulheres começam a planejar a gravidez quando se aproximam ou passam da quarta década de vida. Entretanto, engravidar nessa fase da vida traz desafios específicos que precisam ser compreendidos e abordados adequadamente.

A fertilidade feminina começa a declinar de modo mais representativo a partir dos 35 anos, tornando-se mais marcante e mesmo difícil após os 40 . Alguns trabalhos científicos mostram que, para mulheres entre 40 e 44 anos, a chance de conceber de forma natural é em torno de 5% a 10%. Após os 44 anos, essa probabilidade diminui ainda mais.

As causas para este fenômeno são redução na quantidade dos óvulos, assim como a perda marcante de sua qualidade. O resultado é o aumento de embriões formados com alterações cromossômicas, propiciando, em última análise, menores taxas de gravidez e maiores chances de abortamentos.

A boa notícia é que os avanços nos tratamentos de fertilidade podem auxiliar quem deseja postergar a maternidade. Para mulheres que desejam engravidar após os 40 anos, há diversas opções terapêuticas que podem aumentar as chances de sucesso. Dentre elas, a fertilização in vitro (FIV) é frequentemente o tratamento mais indicado, principalmente quando o fator idade é predominante.

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A FIV permite a formação de embriões em laboratório, portanto fora do corpo da mulher, possibilitando a realização de testes genéticos pré-implantacionais para identificar embriões sem alterações cromossômicas, aumentando a taxa de sucesso e minimizando riscos a mãe e filho.

Para mulheres com reserva ovariana muito baixa ou óvulos de baixa qualidade, a doação de óvulos é uma opção a ser considerada. Com esta técnica, as taxas de gravidez são comparáveis às de mulheres mais jovens (doadoras), dependendo da qualidade dos óvulos doados.

Além disso, o congelamento de óvulos em idade mais jovem é uma possibilidade preventiva para aquelas que desejam postergar a maternidade, garantindo melhores chances futuras.

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Gravidez saudável acima dos 40

Embora os desafios sejam maiores, muitas mulheres têm gestações saudáveis após os 40 anos. O acompanhamento pré-concepcional é essencial para avaliar a saúde geral, controlar condições pré-existentes, como hipertensão e diabetes, e realizar ajustes no estilo de vida e controle de peso.

Durante a gravidez, o pré-natal deve ser cuidadoso e com obstetra experiente, com exames complementares para monitorar a saúde materna e o desenvolvimento fetal.

Adotar hábitos saudáveis é crucial. Uma dieta balanceada, rica em nutrientes essenciais como ácido fólico, ferro, cálcio e ômega-3, aliada à prática de exercícios físicos regulares (de forma adequada e sob orientação), contribui para o bem-estar materno e fetal. Abolir o fumo, bebidas alcoólicas e o consumo excessivo de cafeína também são medidas imprescindíveis.

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Portanto, enquanto os desafios da maternidade tardia são reais, as opções modernas de tratamento e as estratégias para uma gestação sadia fornecem esperanças e possibilidades concretas a aquelas mulheres que desejam realizar o sonho de ter um filho mais tarde.

* Marcelo Marinho de Souza é ginecologista e especialista em reprodução humana, responsável pelo Ambulatório de Infertilidade do Hospital Maternidade Fernando Magalhães (RJ) e chefe do Serviço de Ginecologia do mesmo hospital, além de diretor médico da Fertipraxis Centro de Reprodução Humana

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