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Letra de Médico

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O papel da internet na relação médico-paciente

A crescente conectividade propiciada por novas tecnologias permitiu uma maior aproximação e melhor entendimento dos médicos em relação aos pacientes?

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 18 mar 2017, 17h50 - Publicado em 18 mar 2017, 12h00
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  • A comunicação ganhou uma escala nunca antes imaginada com a revolução digital. O cenário é o mesmo em qualquer canto do planeta: pessoas trocando mensagens, por meio de smartphones, nas ruas, em ônibus, trens, metrôs, restaurantes, estádios, parques, praias etc. Médicos e pacientes também vêm aderindo de forma progressiva a esta onda. Uma pesquisa realizada em 2015 pela Escola de Saúde Pública Bloomberg, da Universidade Johns Hopkins, constatou que, de um grupo de 2.252 clientes de redes de farmácias nos Estados Unidos, 37% mantinham contato com seus médicos por e-mail e 18% pelo Facebook. O Brasil não é exceção à regra. Tanto é que a multiplicação de perfis de médicos nas redes sociais levou o Conselho Federal de Medicina (CFM), em agosto de 2011, a editar a Resolução 1.974, disciplinando o trato com o público no fronte virtual.

    Mas será que essa conectividade crescente, propiciada por novas tecnologias, permitiu, de fato, uma maior aproximação, um maior e melhor entendimento dos médicos em relação aos pacientes? A meu ver, a resposta é negativa. Costumo dizer que as escolas de medicina formam técnicos muito mais especializados em cuidar de doenças do que de doentes. As atenções desses profissionais estão quase sempre voltadas para um fígado abalado aqui, um pâncreas problemático ali, e não para os donos destes órgãos. Faltam-lhes conhecimentos de sociologia, de antropologia e de comunicação que lhes permitam compreender o ser humano que está à sua frente, em busca de ajuda, e estabelecer um diálogo para identificar, com precisão, o problema que o aflige e buscar soluções eficazes.

    Esse quadro, que tem dimensão global, é preocupante. Por conta do aumento da escolaridade da população e do acesso ao manancial inesgotável de informações existente na internet, os pacientes se tornam cada dia mais esclarecidos e, portanto, mais exigentes. Eles reivindicam para si a mesma atenção dedicada pelos médicos aos seus órgãos. É um desafio que vem sendo encarado por instituições de ensino superior mundo afora, com a inclusão de disciplinas específicas em suas grades curriculares.

    As ciências humanas tendem, assim, a marcar presença nas salas de aula de medicina. Normal, pois o viés humanista do ofício de Hipócrates é cristalino. Afinal, nós, profissionais da área, tratamos de gente. São pessoas com experiências, crenças, valores e costumes distintos – os quais, diga-se, interferem com frequência em seus tratamentos. Um exemplo marcante é a religião. Entender e estimular a fé dos enfermos propicia um ganho duplo aos médicos, que passam a contar com mais um recurso valioso em prol da recuperação e, além disso, estabelecem uma maior empatia com os pacientes.

     

    Doutor Claudio Lottenberg
    (Lailson Santos/VEJA)

    Quem faz Letra de Médico

    Adilson Costa, dermatologista
    Adriana Vilarinho, dermatologista

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    Ana Claudia Arantes, geriatra
    Antônio Frasson, mastologista
    Artur Timerman, infectologista
    Arthur Cukiert, neurologista
    Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião

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    Bernardo Garicochea, oncologista
    Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
    Claudio Lottenberg, oftalmologista
    Daniel Magnoni, nutrólogo
    David Uip, infectologista

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    Edson Borges, especialista em reprodução assistida
    Fernando Maluf, oncologista
    Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
    Jardis Volpi, dermatologista
    José Alexandre Crippa, psiquiatra

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    Luiz Rohde, psiquiatra
    Luiz Kowalski, oncologista
    Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
    Marianne Pinotti, ginecologista
    Mauro Fisberg, pediatra

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    Miguel Srougi, urologista
    Paulo Hoff, oncologista
    Paulo Zogaib, medico do esporte
    Raul Cutait, cirurgião
    Roberto Kalil – cardiologista
    Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
    Salmo Raskin, geneticista
    Sergio Podgaec, ginecologista
    Sergio Simon, oncologista

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