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O tumor na região íntima que é preocupante, mas prevenível

Câncer no ânus foi responsável por mais de 38 mil internações no SUS e 6 mil mortes nos últimos 10 anos, alerta entidade

Por Lucas Horcel, Ana Portilho e Sérgio Araújo*
4 fev 2025, 08h00

No Dia Mundial de Combate ao Câncer, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia faz um alerta sobre um tipo de tumor que tem despertado maior preocupação nos últimos anos: o câncer de ânus e canal anal. Mas por qual motivo essa doença tem ganhado maior atenção?

Principalmente por não apresentar sintomas evidentes, mas o mais importante: por ser prevenível.

Apesar de poder ser assintomático, existem sintomas do câncer de ânus e do canal anal que devem chamar a atenção do paciente e dos médicos de qualquer especialidade que se deparem com eles em consultório:

• Sangramento nas fezes

• Massa ou nódulo anal

• Prurido (coceira)

• Linfonodos na virilha (nódulos na região inguinal)

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• Alteração no formato das fezes e dificuldade para evacuar

O câncer de ânus e canal anal não é um dos mais comuns, mas não pode ser menosprezado devido a suas sérias consequências.

A maioria dos pacientes apresenta infecção crônica do papilomavirus humano, o HPV, o mesmo para o qual a população do sexo feminino faz exames de rastreio periodicamente (Papanicolau).

Condições que abaixem a imunidade dos pacientes, como coinfecção com o vírus do HIV, pacientes transplantados e em uso de quimioterápicos também aumentam o risco do desenvolvimento do câncer, especialmente o subtipo conhecido como carcinoma espinocelular.

Fatores de risco

De acordo com os estudos, podemos resumi-los na lista abaixo:

• Infecção crônica pelo HPV (especificamente subtipos 16 e 18), presente em aproximadamente 90% dos casos

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• Coinfecção do HPV com vírus HIV

• Queda da imunidade (imunossupressão): quimioterapia, pacientes transplantados

• Prática de atividade sexual anal

• Tabagismo

• Doenças Inflamatórias Intestinais (doença de Crohn)

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Apesar de não serem um fator de risco direto para o câncer de canal anal, outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como gonorreia, clamídia e herpes, devem chamar a atenção do médico que atender o paciente para uma possível infecção pelo vírus do HPV e tomar as medidas necessárias para diagnóstico e rastreio de câncer anal precoces.

Diagnóstico e rastreio

Para a detecção do câncer, os primeiros exames que devemos realizar nos pacientes em nível de consultório médico é um bom exame físico com uso de um aparelho que melhora a visualização do ânus e canal anal, chamado anuscópio (muito semelhante ao colposcópio do Papanicolau), e uma biópsia de qualquer lesão suspeita ainda no consultório se o paciente tolerar.

Entretanto, exames de detecção precoce do HPV e seguimento podem ser realizados antes de ser necessário fazer uma biópsia. Qualquer paciente que tenha praticado atividade sexual anal ou apresentado lesões de HPV em outros segmentos corporais (como mulheres com HPV vaginal) precisam ser examinadas por um coloproctologista para avaliação.

Nesses pacientes, é realizada a citologia de canal anal, um swab (escova semelhante a um cotonete) raspado na parede do ânus e enviada para laboratório. Através dele conseguimos diagnosticar se o paciente apresenta infecção pelo vírus do HPV e qual subtipo.

Se o resultado vier positivo, um novo exame deve ser solicitado, que é a anuscopia de magnificação. A anuscopia de magnificação é o mesmo exame realizado em consultório, porém aliado de um microscópio e uso de substâncias que conseguem mostrar áreas suspeitas para neoplasia (câncer), as quais devem ser prontamente biopsiadas.

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Prevenção

O uso de preservativos é muito importante na redução da transmissão do HPV e de outras ISTs.

Porém, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia orienta que o preservativo não é suficiente para barrar o HPV, já que o vírus pode habitar várias regiões corporais que não são protegidas pelo preservativo, como boca, região escrotal e virilha.

O meio mais importante de prevenção ainda é a vacinação contra o HPV. A imunização com a vacina quadrivalente está disponível no SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos; pacientes transplantados; oncológicos e em uso de quimio ou radioterapia; pacientes com HIV e vítimas de violência sexual. A vacina nonavalente, com cobertura para outros cinco subtipos de HPV, pode ser administrada na rede privada.

Tratamento

Após diagnóstico com biópsia e com estadiamento do câncer em relação a seu tamanho e suspeita de metástases (câncer em outros locais do corpo), consegue-se definir a melhor opção terapêutica.

A primeira linha de tratamento consiste em quimioterapia e radioterapia. A cirurgia, antigamente considerada primeira linha de tratamento e mais agressiva, muitas vezes por precisar de colostomia definitiva, fica reservada aos pacientes que apresentaram tumor residual após rádio e quimioterapia ou retorno da lesão após tratamento.

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Cenário nacional 

No Brasil, segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde (SIH/SUS), de 2015 a outubro de 2024, foram registradas 38.196 internações por câncer de ânus e canal anal.

E de 2015 a 2023, o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde registrou 6.814 mortes pelo tumor. Acredita-se que o levantamento esteja subestimado e o real número de diagnósticos seja ainda maior, devido a registros incompletos.

O estado de São Paulo lidera o número de internações e de óbitos. Isso ocorre por vários motivos, principalmente pela população maior e melhor acesso a serviços especializados, o que garante que mais diagnósticos sejam realizados.

Nos próximos anos, espera-se um aumento do número de diagnósticos da doença em todo o âmbito nacional. Além da progressão da expectativa de vida, que garante mais tempo para o desenvolvimento de tumores em geral, há uma mudança no comportamento sexual da população, com aumento exponencial da infecção pelo vírus HIV, outro fator de risco importante associado ao câncer.

Isso torna claro que a conscientização da população para buscar um especialista, o diagnóstico precoce e a prevenção com vacinação, preservativos e cessação do tabagismo ainda são fundamentais no combate à doença.

* Lucas de Araujo Horcel é membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia; Ana Sarah Portilho, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Coloproctologia; e Sergio Eduardo Alonso Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia

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