Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Mês dos Pais: Revista em casa por 7,50/semana
Imagem Blog

Letra de Médico

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil

Os efeitos da adultização no desenvolvimento emocional da criança

Pressão para corresponder a padrões adultos eleva ansiedade, sensação de inadequação e, em casos mais graves, podem levar à depressão

Por Maurício Okamura*
20 ago 2025, 08h05

A infância é um período em que a imaginação, o brincar livre e a segurança emocional devem ser prioridades para mães e pais, pois são pilares fundamentais para o desenvolvimento infantil. Mas, na era das redes sociais, esses elementos estão cada vez mais sob ameaça. A exposição precoce a conteúdos e interações online pode mudar o modo como crianças e adolescentes constroem sua percepção do mundo e até de si.

O primeiro impacto é a dificuldade em distinguir fantasia de realidade. O que começa como uma brincadeira pode ser vivido como algo real, e a validação recebida por curtidas e comentários pode se tornar mais importante do que experiências fora da tela. Essa inversão afeta também o papel dos cuidadores, que passam a enfrentar maiores dificuldades para acalmar e ajudar a regular a ansiedade dos filhos.

Outro reflexo preocupante é que o brincar, que deveria ser um espaço para criação e expressão espontânea, também muda. Muitas crianças sentem que precisam “mostrar” algo para um público virtual, e não apenas brincar pelo prazer da diversão. A partir disso, sinais como irritabilidade, alterações no sono, ansiedade, dificuldade de concentração e excesso de competitividade com colegas passam a moldar o comportamento da criança ou do adolescente. Até a autonomia pode ser comprometida, já que a dependência da validação externa atrasa a capacidade de lidar com frustrações e tomar decisões próprias.

O cenário se agrava quando a vida na internet configura uma adultização e até sexualização precoce, tema que vem sendo amplamente debatido no espaço público depois do vídeo produzido pelo youtuber Felca e que traz risco direto para o desenvolvimento emocional e psicológico dos pequenos. A pressão para corresponder a padrões adultos e a exposição a mensagens sexualizadas elevam a ansiedade, a sensação de inadequação e, em casos mais graves, podem levar à depressão. A autoestima passa a depender da aparência ou de atitudes sexualizadas, fragilizando a construção de um senso de valor próprio estável. Nas relações, isso significa mais dificuldade para estabelecer limites saudáveis, compreender consentimento e construir intimidade adequada à idade.

A vulnerabilidade também cresce no ambiente online: exploração, assédio, sexting, cyberbullying e sextorsão são ameaças reais, com impacto psicológico e legal. A sexualização precoce estimula a curiosidade sexual sem acompanhamento adequado, gerando ansiedade e prejudicando a maturação nessa área. E quando conteúdos sexualizados passam a ser consumidos sem filtro, comportamentos abusivos podem ser vistos como normais, aumentando o risco de relações disfuncionais no futuro. Com isso, surgem problemas de sono e concentração, que se somam à menor capacidade de regular emoções, já que a pressão por atuar de forma adulta reduz as oportunidades de vivenciar emoções em contextos seguros.

Continua após a publicidade

É essencial oferecer educação sexual adequada à idade, com foco em consentimento, limites e respeito ao corpo. Em casa ou fora dela, o uso da internet precisa ser mediado, com limites claros de tempo de tela e diálogo aberto para tirar dúvidas. Já a autoestima desse grupo deve ser estimulada por meio de atividades que valorizem as competências, autonomia e relações saudáveis e não aparência. Dessa forma, se cria uma base sólida de segurança emocional.

Também é necessário ensinar noções de privacidade, preparar para lidar com situações de cyberbullying, por exemplo, e buscar apoio profissional diante de sinais de comportamentos de risco. Quando escola, família e serviços de apoio atuam juntos, é possível criar uma rede de proteção que envia mensagens consistentes sobre valores, corpo e intimidade. Isso preserva a diversidade cultural, mantendo no centro o bem-estar infantil, que é o que realmente importa.

*Maurício Okamura é referência técnica em psiquiatria no Grupo Amil

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 16,90/mês
Apenas 9,90/mês*
OFERTA MÊS DOS PAIS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.