Ovários policísticos: entenda a doença que atinge milhões de mulheres
A Síndrome de Ovários Policísticos (SOP) atinge até 18% das mulheres em idade fértil. No Brasil são registrados cerca de 2 milhões de novos casos por ano
A síndrome de ovários policísticos (SOP) é uma patologia endocrinológica caracterizada por um distúrbio hormonal com aumento dos hormônios masculinos nas mulheres jovens. Tem uma prevalência em torno de 5-18% da população feminina em idade fértil, sendo que dessas 50 – 70% têm resistência insulínica e frequentemente condições associadas a esse quadro como: obesidade, dislipidemia, alteração da glicose, hipertensão arterial e síndrome metabólica. Portanto, essa síndrome gera outros problemas de saúde, por isso ela é tão importante de ser reconhecida e tratada.
Para ser diagnosticada é preciso que a paciente apresente dois ou três sintomas combinados: aumento do volume ovariano (ou microcistos), ausência ou irregularidade menstrual, ausência de ovulação, excesso de peso, aparecimento de acne, hirsutismo (excesso pelos no rosto, barriga e seios), queda de cabelo, resistência insulínica e problemas com fertilidade.
A SOP é um distúrbio que causa num primeiro momento problemas na pele e dificulta a gravidez.
Causas
Embora sua etiologia ainda seja pouco esclarecida, há crescentes evidências que a resistência insulínica e hiperinsulinemia tenham um papel central no desequilíbrio hormonal e mudança no processo normal de ovulação. Há indícios porém que haja também um fator genético envolvido.
Dois fatos importantes ocorrem: maior produção de andrógenos pelos ovários (hormônio masculino) e a não eclosão dos óvulos, formando cistos. Esses níveis elevados de testosterona na mulher favorece aumento da lipogênese (acumulo de massa gorda) e maior acumulo na região abdominal, consequentemente piorando a resistência insulínica e ganho de peso. É intrínseca a relação entre quanto maior o hiperandrogenismo maior o ganho de peso e maior a resistência insulínica com piora de todo quadro clinico.
Não há um consenso se a síndrome leva a obesidade ou o ganho de peso piora um quadro incipiente.
Quando suspeitar SOP
Moças jovens, em idade reprodutiva, com alterações dos ciclos menstruais, dificuldade em ovular e engravidar, ganho de peso, acne, pelos no rosto e seios (ocorre em 80% das mulheres com SOP), manchas escuras em axilas e no pescoço e oleosidade da pele podem ser sinais indicativos do quadro.
Os sintomas variam e nem sempre todos aparecem em uma mesma pessoa, por isso seu tratamento deve ser individualizado
Riscos
A SOP envolve resistência insulínica e hiperandrogenismo; esses dois fatores estão associados a um estado inflamatório subclínico a nível celular com aumento do risco de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 e de doença cardiovascular. Esse mesmo quadro hiper inflamatório do organismo pode também afetar funções autoimunes e favorecer ao aparecimento de doenças tireoidianas, respiratórias, litíase biliar e cânceres.
Entretanto, todos esses riscos ficam na dependência do grau de disfunção da paciente.
Tratamento
Para tratar a síndrome do ovário policístico e resistência insulínica é fundamental a perda de peso através da mudança no estilo de vida e atividade física. Reduções em torno de 5-10% do peso corpóreo têm grande impacto, melhorando a sensibilidade a insulina e reduzindo fatores de risco para doença cardiovascular.
As jovens obesas após redução do peso corpóreo têm diminuição do androgênio livre, diminuição da hiperinsulinemia melhorando assim a oleosidade da pele e ovulação. Em alguns casos, medicamentos sob orientação médica podem ser associados para reduzir a resistência insulínica e melhorar os sintomas, principalmente da acne e excesso de pelos corporais. Com o tratamento adequado, cerca de 50-80% das pacientes apresentam ovulação e 40-50% engravidam.
Até o momento não foi descoberta a cura para SOP, entretanto com o controle dos sintomas é possível prevenir os problemas associados.
Quem faz Letra de Médico
Adilson Costa, dermatologista
Adriana Vilarinho, dermatologista
Ana Claudia Arantes, geriatra
Antonio Carlos do Nascimento, endocrinologista
Antônio Frasson, mastologista
Artur Timerman, infectologista
Arthur Cukiert, neurologista
Ben-Hur Ferraz Neto, cirurgião
Bernardo Garicochea, oncologista
Claudia Cozer Kalil, endocrinologista
Claudio Lottenberg, oftalmologista
Daniel Magnoni, nutrólogo
David Uip, infectologista
Edson Borges, especialista em reprodução assistida
Fernando Maluf, oncologista
Freddy Eliaschewitz, endocrinologista
Jardis Volpi, dermatologista
José Alexandre Crippa, psiquiatra
Ludhmila Hajjar, intensivista
Luiz Rohde, psiquiatra
Luiz Kowalski, oncologista
Marcus Vinicius Bolivar Malachias, cardiologista
Marianne Pinotti, ginecologista
Mauro Fisberg, pediatra
Miguel Srougi, urologista
Paulo Hoff, oncologista
Paulo Zogaib, medico do esporte
Raul Cutait, cirurgião
Roberto Kalil, cardiologista
Ronaldo Laranjeira, psiquiatra
Salmo Raskin, geneticista
Sergio Podgaec, ginecologista
Sergio Simon, oncologista