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Quando a cesárea é realmente necessária, segundo a ciência

Há situações específicas em que esse tipo de parto deve ser feito, mas no Brasil a exceção ainda é regra

Por Nélio Veiga Júnior*
8 jul 2025, 07h05

O Brasil é conhecido mundialmente por suas altas taxas de cesárea. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa ideal de cesarianas deveria estar entre 10% e 15% dos partos, mas dados do Ministério da Saúde apontam que, na rede privada brasileira, esse percentual ultrapassa os 80%.

A cesárea é um procedimento essencial em algumas situações clínicas, mas seu uso excessivo tem levantado preocupações quanto à segurança materno-infantil. É preciso desmistificar a ideia de que a cesárea é sempre a opção mais segura.

Sem indicação precisa, na verdade, ela aumenta o risco de complicações como infecções, hemorragias, tromboses e dificuldades em futuras gestações.

Por outro lado, o parto vaginal espontâneo, quando bem assistido, proporciona benefícios como menor tempo de internação, recuperação mais rápida, menor exposição a fármacos e melhor colonização da microbiota do bebê.

Em muitos casos, a cesárea é escolhida por medo do parto normal, falta de informação ou pela cultura hospitalar intervencionista.

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As situações em que ela é realmente necessária incluem: descolamento prematuro de placenta; sofrimento fetal agudo; placenta prévia (placenta localizada acima do colo do útero, impedindo a saída segura do bebê pelo canal vaginal); apresentação transversa persistente, entre outras condições que colocam em risco a saúde da mãe ou do bebê.

Nessas circunstâncias, a cesárea é a via mais segura para garantir a sobrevivência e o bem-estar de ambos.

Exceto em indicações absolutas de parto cesárea e urgências obstétricas, sempre que possível, é recomendado aguardar o início espontâneo do trabalho de parto, que prepara fisiologicamente o bebê para nascer.

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Ao entrar em trabalho de parto, há a liberação hormonal da mãe e um dos principais hormônios envolvidos é a ocitocina, com papel essencial nas contrações uterinas, auxiliando no trabalho de parto e garantindo a progressão adequada para a expulsão do bebê.

Além disso, o hormônio é determinante para a criação do vínculo entre mãe e filho. Pesquisas demonstram que a liberação de ocitocina durante o parto facilita a interação afetiva, promovendo maior envolvimento emocional e fortalecendo o instinto materno.

O bebê também libera cortisol como resposta ao estresse das contrações, o que contribui para a maturação dos pulmões e pode auxiliar na adaptação à vida extrauterina.

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 Políticas públicas de saúde, pré-natal adequado e iniciativas de protocolos de parto humanizado que incentivem o parto normal devem ser estimuladas para reduzir o número de cesáreas desnecessárias no SUS.

Contudo, ainda há muito a ser feito para mudar a mentalidade também na rede privada. Garantir que as mulheres tenham acesso a informações de qualidade, apoio de equipes capacitadas e um ambiente hospitalar que favoreça o parto normal é essencial para reverter esse cenário e promover um início de vida mais saudável para milhares de recém-nascidos brasileiros.

 * Nélio Veiga Júnior é ginecologista e obstetra, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP)

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