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Quando o corpo todo dói: os desafios da fibromialgia

Especialista aborda as principais teorias sobre a síndrome dolorosa e os melhores tratamentos hoje - não, não são medicamentos

Por José Eduardo Martinez*
25 fev 2025, 13h17

Dói o corpo todo, incluindo os fios do cabelo. Tenho um cansaço intenso e muita dificuldade para dormir. Essas são frases ditas diariamente por pacientes de fibromialgia. Apesar de todo esse sofrimento, muitos deles não aparentam estar doente. A dor não pode ser vista.

Essa falta de reconhecimento pelo que é sentido agrava ainda mais essa condição. Isso é especialmente verdade quando parte de cônjuges, filhos, amigos e até mesmo profissionais de saúde.

A frustação e a angústia aumentam quando, no sentido de validar suas queixas, buscam exames laboratoriais e de imagem. Eles estão negativos.

A explicação mais aceita para a dor da fibromialgia é um desequilíbrio nos sistemas orgânicos de percepção de dor. Nosso organismo tem estruturas e processos que levam estímulos dolorosos para o sistema nervoso central e outros que os inibem. Isso faz com que pessoas normais sintam dor quando necessário como um alarme. Alguma coisa está errada no organismo.

No paciente com fibromialgia, esse desequilíbrio gera dor extensa, ou seja, no corpo todo, em locais onde não há qualquer lesão. Esse sintoma é agravado por outros frequentemente presentes como fadiga, alterações no sono e questões como esquecimento e falta de atenção.

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O que está por trás disso? Uma teoria atual é que o estresse ao longo da vida possa ser o gatilho para essa condição. Estresse é um processo fisiológico que envolve hormônios e o sistema nervoso autônomo. Tem a função de nos preparar para enfrentar uma ameaça.

Nos dias de hoje e dependendo de características pessoais, ele é acionado múltiplas vezes e até mesmo no mesmo dia. Estresse crônico gera uma série de problemas físicos e, entre eles, eu destacaria a fibromialgia. Há predomínio importante de mulheres e isso não tem uma explicação estabelecida.

Como abordar? Em primeiro lugar é fundamental ter um paciente bem-informado A informação sobre o que é a síndrome, como tratá-la e mesmo conviver com ela é um poderoso tratamento.

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Os estudos científicos concluem repetidamente que medidas não medicamentosas são as mais eficientes. Dentre elas, o exercício físico regular se destaca. Parece estranho fazer exercício quando se tem dor, mas não é. No longo prazo é uma abordagem eficiente. No início, deve-se adaptar à intensidade dos sintomas. Começar lento e em intensidade leve. Realizar o que é possível e aumentar progressivamente.

O apoio de técnicas psicológicas é fundamental para auxiliar na convivência com a dor crônica e mesmo abordar o estresse como gerador ou agravante dos sintomas. Tratamento multidisciplinar e multiprofissional, quando disponível, potencializa todo o tratamento. Medidas outras como acupuntura e estimulação transcraniana têm sido utilizadas.

Os medicamentos utilizados têm o objetivo de modular a dor. Ou seja, equilibrar o seu sistema de percepção. A prescrição, por médicos habilitados, deve levar em conta seus efeitos benéficos e também os possíveis efeitos adversos. Converse com seu médico.

Finalmente, os pacientes frequentemente também têm outros problemas que causam dor, por exemplo, osteoartrite (artrose), tendinites, bursites e doenças reumáticas inflamatórias. Considero fundamental uma consulta bem realizada com um bom exame clínico para detectar os problemas adicionais. Tratar fibromialgia sem cuidar dos demais geradores de dor gera resultados insatisfatório.

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Um diagnóstico correto, a mudança no estilo de vida, combate ao estresse, exercício físico regular e um acompanhamento médico compõem a proposta de maior sucesso na abordagem dessa síndrome.

* José Eduardo Martinez é médico reumatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR)

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