Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Letra de Médico

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil

Sarampo: um retorno silencioso

Pediatra alerta para o recrudescimento da infecção no país com a cobertura vacinal insuficiente

Por Joelma Gonçalves Martin*
Atualizado em 9 Maio 2024, 20h05 - Publicado em 15 nov 2023, 09h00

Infelizmente, a vacinação da população brasileira tem estado aquém das metas propostas pelo Ministério da Saúde, e isso já vem acontecendo há alguns anos. O grande perigo desse fenômeno é assistir à volta ou ao descontrole de infecções passíveis de prevenção via imunização.

Em 2012, tivemos um aumento significativo de casos de coqueluche no Brasil, o que levou à morte de várias crianças, particularmente lactentes jovens, tendo seu pico máximo de ocorrência em 2015. Os episódios começaram a cair novamente após campanhas vacinais, imunização das gestantes a partir da vigésima semana de gravidez e também da implementação de reforços vacinais a cada dez anos contra a doença. Mas seguimos encontrando casos por aí – o que se deve à cobertura vacinal insuficiente.

Em 2016, recebemos, da Organização Mundial da Saúde (OMS), o selo de erradicação do sarampo no território nacional. Surpreendentemente, em 2018, foram diagnosticados casos de sarampo em Roraima, por onde a doença retorna ao país…

Mas só pôde voltar porque o sarampo, disseminado na Venezuela naquele momento, encontrou nos vizinhos (ou seja, no nosso país), pessoas suscetíveis, não vacinadas. Daí o surto se reiniciou.

Durante a pandemia de coronavírus, tivemos vários óbitos causados pelo sarampo em crianças e adultos, mas a atenção voltada para outra demanda não permitiu que a população percebesse o retorno dessa doença ao Brasil. Vale lembrar que a vacina do sarampo cobre também rubéola e caxumba, sendo que estas da mesma forma estão sorrateiramente regressando.

Continua após a publicidade

O sarampo é uma doença infecciosa aguda, viral, transmissível, extremamente contagiosa e muito comum na infância. Os sintomas iniciais apresentados pelo doente são: febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular e coriza nasal.

Após essas manifestações, aparecem máculas avermelhadas no rosto, que começam na raiz dos cabelos e progridem em direção caudal, com duração mínima de três dias. Além disso, a infecção pode causar otite, pneumonia, diarreia, desidratação, convulsões, encefalite e morte. Tudo isso por ação do vírus.

A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, o que facilita o contágio. Além das secreções, também é possível se contaminar por meio da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas.

Continua após a publicidade

A doença é transmitida na fase em que a pessoa apresenta febre alta, mal-estar, coriza, irritação ocular, tosse e falta de apetite, e dura até quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas. O período de contágio, portanto, é longo.

A única forma segura de prevenção é a vacinação. Apenas os lactentes cujas mães já tiveram sarampo ou foram vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos transmitidos pela placenta, que conferem imunidade geralmente ao longo do primeiro semestre de vida, o que é pouco tempo. Os principais grupos de risco são as pessoas de seis meses a 39 anos de idade.

O esquema vacinal vigente prevê as seguintes doses de vacina contra o sarampo: entre seis e 11 meses – indicada nas localidades que mantêm a circulação ativa do vírus do sarampo, como atualmente no estado de São Paulo e, quando há elevada incidência da doença em crianças menores de um ano de idade; uma dose da tríplice viral ou SCR (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) aos 12 meses de idade e uma dose da tetra viral ou SCRV (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela) aos 15 meses de idade.

Continua após a publicidade

Além delas, existe ainda a vacinação de bloqueio que deve alcançar todos os contatos do caso suspeito que não sejam imunizados, a partir de seis meses de idade, exceto gestantes e pessoas com sinais e sintomas de sarampo. Deve ser realizada de maneira seletiva na suspeita, preferencialmente no prazo máximo de até 72 horas após a notificação do caso.

Complementam ainda as estratégias de controle as campanhas vacinais, a intensificação da vacinação, uso de imunoglobulina em casos seletos e também a vacinação de bloqueio já citada.

Ainda assim, para que a doença pare de circular pelo país, precisamos ter 95% da população vacinada, o que, entretanto, é uma realidade distante. Para tal, os pediatras e demais profissionais de saúde precisam atentamente fazer busca ativa das carteirinhas desatualizadas e trabalhar em prol da conscientização da população sobre a necessidade de modificar essa triste realidade, atormentada por um patógeno potencialmente mortal.

Continua após a publicidade

Só assim poderemos em breve sermos novamente chamados de país com a doença erradicada de seu território nacional.

* Joelma Gonçalves Martin é pediatra, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu e embaixadora da Inspirali na área da saúde da criança

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.