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É correto imitar os Estados Unidos?

A comparação com a política industrial americana é imprópria

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 3 jun 2024, 17h15 - Publicado em 16 mar 2024, 08h00
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  • O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden
    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden  (Anna Moneymaker/AFP)

    Integrantes do governo defenderam o plano Nova Indústria Brasil (NIB), alegando que os Estados Unidos teriam adotado ações semelhantes. De fato, países ricos têm aprovado políticas industriais, mas não se pode confundir alhos com bugalhos.

    A NIB reedita fracassadas medidas que geraram desperdícios e beneficiaram grupos bem conectados, o que inibiu a produtividade. Claro, há aspectos positivos, como o de incentivar a inovação, mas se começou com empréstimo subsidiado de 500 milhões de reais a uma empresa automobilística. Será que ela precisaria do Brasil para enfrentar a competição da indústria chinesa?

    Logo após, o presidente do BNDES defendeu apoio à indústria naval. Comparou a produção de navios à de aeronaves da Embraer. Seria como se seu êxito fosse reproduzível em novo programa naval. Difícil. Nos anos 1980, exportávamos navios, mas isso acontecia porque, além dos incentivos fiscais, o governo complementava a receita das empresas, pagando-lhes 40% do que recebiam por navio. Desde então, nenhuma reencarnação do programa deu certo.

    “A política industrial deveria adotar medidas de avaliação permanente de suas ações”

    Segundo o economista Daron Acemoglu em Letter from America: When Industry Means Hard Work (Royal Economic Society, res.org.uk), as medidas americanas objetivam “a transição verde, a competição tecnológica com a China e a revisão das cadeias globais de valor”. Neste último caso, os efeitos da pandemia de Covid-19 evidenciaram a vulnerabilidade a cadeias longas de produção. Busca-se, assim, realocá-las para países mais próximos (nearshoring) ou amigos (friendshoring). O objetivo não é a industrialização, mas atender a questões de segurança nacional. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou em de-risk: afastar o risco de dependência dos suprimentos da China.

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    Acemoglu lança alertas sobre as políticas industriais do governo Biden. Elas precisavam, disse, ser baseadas em estudos bem documentados sobre a existência de falhas de mercado, de forma a justificá-las, o que parece não ter acontecido. Para ele, foram poucos os casos de sucesso de tais políticas. Cita especificamente os da Finlândia e da Coreia do Sul. Políticas industriais, conclui, necessitam mirar a competitividade, e não a escolha de vencedores, como ocorreu frequentemente na América Latina.

    Outro conceituado analista, o jornalista Fareed Zakaria, também criticou as políticas industriais de Biden. Assinalou que elas têm sido crescentemente defensivas, como se destinadas a proteger “um país que supostamente se perdeu nas últimas décadas”. Seu artigo na mais recente edição da revista Foreign Affairs enfatiza, ao contrário, a ideia de que os Estados Unidos estão hoje mais fortes. Logo, a necessidade da política industrial seria questionável.

    Sobre a NIB, ainda há muito a fazer e a explicar. Por exemplo, adotar medidas para avaliação permanente de suas ações, bem como sua pronta interrupção se não corresponderem às expectativas do governo e do país. No passado não foi assim. Agora será?

    Publicado em VEJA de 15 de março de 2024, edição nº 2884

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