Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês

APURAÇÃO DAS ELEIÇÕES 2024

Imagem Blog

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

O incompreendido Banco Central

A dificuldade de entender o seu verdadeiro papel na economia

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 10h33 - Publicado em 20 Maio 2023, 08h00

Por aqui, nunca se entendeu bem o papel de um banco central. Durante anos, suas funções cabiam ao Banco do Brasil. Fomos um dos últimos países a criá-lo (1964). Outras nações próximas estabeleceram seus bancos centrais muito antes: Colômbia (1923), Chile (1925), México (1925), Equador (1927), Bolívia (1928), Peru (1931), Argentina (1935).

O papel do Banco Central (BC) é zelar pela estabilidade da moeda e do sistema financeiro, sem o que a inflação sobe e a oferta de crédito torna-se insuficiente e cara. O BC controla dois instrumentos — a liquidez da economia e a taxa básica de juros — que podem ser manipulados por governos populistas para fazer o PIB crescer de forma irresponsável.

O líder do PT na Câmara, José Guimarães, disse que “as autoridades monetárias têm que contribuir com aquilo que saiu das urnas”. Por aí, o BC deveria atrelar a política monetária aos programas e à vontade do seu partido. Guimarães e outros líderes petistas não compreendem como funciona um banco central, que precisa ser um órgão de Estado, não de governo, e dispor de autonomia operacional para decidir. Todos os países ricos têm BCs independentes. Seus dirigentes podem, assim, resistir a pressões de demagogos para baixar a taxa de juros sem causa.

“Ele precisa ser um órgão de Estado, não de governo, e dispor de autonomia operacional”

No Brasil, temos assistido a ataques ao BC e a seu presidente, não raramente em termos grosseiros. Sempre que pode, o presidente Lula diz que a taxa Selic de 13,75% “não tem a menor justificativa” porque, assegura, “a inflação não é de demanda”. Deveria informar-se melhor. Já tivemos inflação de oferta causada pela pandemia, pela guerra na Ucrânia e por fenômenos climáticos, mas ela está praticamente dissipada. Agora, a inflação é de demanda. Basta ver a alta dos preços dos serviços, de 7% nos últimos doze meses.

Continua após a publicidade

Essas falas podem decorrer de dificuldade de aprender ou da busca por um bode expiatório a quem culpar pela frustração de promessas irrealistas de crescimento da economia. Prefiro acreditar que Lula se enquadra na segunda hipótese, pois é difícil admitir que, tendo exercido de forma bem-sucedida a Presidência, seja tão desinformado. Máxima ironia, no início do primeiro mandato, ele ficou quieto quando o BC fixou a taxa Selic em 26,5%.

Ainda há grossa ignorância nesse campo. Um importante membro dos primeiros governos de Lula afirmou que aumentos da Selic feriam a lógica econômica. Não seria aceitável que o BC pudesse aumentar a despesa do próprio governo (o aumento dos juros da dívida pública). Não percebia que esse é o preço a pagar para enfrentar surtos inflacionários, tanto aqui como em outros lugares.

Taxa de juros é assunto técnico, que costuma ser deixado à responsabilidade de especialistas. Os BCs podem errar, mas acertam na quase totalidade das vezes. A liturgia do cargo recomenda que presidentes, vice-presidentes e ministros se recusem a palpitar sobre o assunto. Infelizmente, ainda não galgamos esse patamar, como se tem visto por aqui nestes momentos complicados.

Publicado em VEJA de 24 de maio de 2023, edição nº 2842

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.