Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

O neoliberalismo não acabou

Parte da esquerda comemora esse fim sem razão

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 4 jun 2024, 14h57 - Publicado em 17 abr 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A crise da Covid-19 tem exigido forte intervenção do Estado. Governos de diferentes matizes ideológicos buscam salvar vidas, direcionar recursos para os mais vulneráveis, preservar empregos e evitar a desorganização da economia. Trata-se de uma ação típica em circunstâncias como as atuais, mas parte da esquerda comemorou o que lhe parece o fim do neoliberalismo. Será?

    Desde a Grande Depressão dos anos 1930, entende-se que o Estado é insubstituível no combate a crises súbitas e graves como a que vivemos. Somente ele reúne as condições institucionais para mobilizar vastos recursos fiscais, injetar liquidez na economia e atuar amplamente no campo social. Passada a emergência, cabe-lhe decidir como distribuir os custos da intervenção, inclusive mediante tributação dos mais favorecidos.

    Nem mesmo ultraliberais se furtam a adotar medidas para enfrentar a situação. Daí a atuação do Ministério da Economia e do Banco Central nas áreas tributária, monetária, creditícia, trabalhista e da despesa pública. É o padrão observado em todos os países, variando apenas em razão das possibilidades de cada um e das formas de aprovação e implementação.

    A esquerda costuma referir-se a políticas econômicas neoliberais em tom depreciativo. Busca traduzir a ideia de insensibilidade perante situações de pobreza, desigualdade e desemprego. O epíteto se aplica particularmente a minorias que pregam o Estado mínimo. Dificilmente a depreciação corresponde à realidade.

    Continua após a publicidade

    “Ações focadas em segmentos menos favorecidos integram o cardápio de boas políticas neoliberais”

    O neoliberalismo enfatiza o valor da concorrência no mercado como essencial à promoção do desenvolvimento. A competição resulta fundamental para a alocação eficiente dos recursos e a elevação da produtividade, que é a principal fonte de expansão do emprego, da renda e da riqueza.

    O neoliberalismo, ao contrário do que se diz, não crê na autorregulação do mercado, mas sim no apoio e na vigilância das instituições do Estado para que o setor privado exerça sua função de gerar prosperidade. Além disso, recomenda a intervenção do Estado para regular os monopólios naturais, como os de energia elétrica, distribuição de gás, suprimento de água e saneamento básico. E também para a regulação do transporte aéreo, ferroviário e rodoviário.

    Continua após a publicidade

    Ações sociais focadas em segmentos menos favorecidos, incluindo transferências condicionadas de renda, integram o cardápio de boas políticas públicas neoliberais voltadas para combater a pobreza e a desigualdade. O mesmo pode ser dito de políticas públicas nas áreas de educação e de sua qualidade, de saúde e de segurança.

    Nenhum pensador neoliberal apoiaria a intervenção estatal que caracterizou a política econômica do PT entre 2006 e 2015. Tampouco apoiaria sua política de escolha de campeões nacionais, menos ainda a desastrada Nova Matriz Econômica do governo Dilma Rousseff, cujos enormes custos ainda hoje pagamos. A esquerda que celebra, sem razão, o fim do neoliberalismo deveria dizer se anseia o retorno triunfal da Matriz.

    Publicado em VEJA de 22 de abril de 2020, edição nº 2683

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.