Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Maílson da Nóbrega

Por Coluna Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
Continua após publicidade

O velhíssimo conteúdo local quase emplacou

Ressuscitar essa política teria sido prejudicial à economia

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 13 jun 2024, 15h07 - Publicado em 13 jun 2024, 15h04
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A exigência de conteúdo local nos investimentos da Petrobras, que tantos danos causou à eficiência, à produtividade e ao potencial de crescimento do país, voltou ao palco. Aproveitando um projeto de lei relacionado à indústria automotiva, tentou-se restabelecer essa equivocada política pública. O projeto foi enxertado para nele inserir um jabuti prevendo sua aplicação ao setor de petróleo e gás natural.

    Segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a medida deterioraria o ambiente de negócios e poderia inviabilizar os próximos leilões. Até agora, felizmente, o país ganhou essa parada. O relator do projeto, o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), suprimiu o jabuti em seu parecer. Esta semana, a Câmara decidiu ignorá-lo. Bateu na trave.

    Mesmo assim, vale apontar os inconvenientes da política de conteúdo local mínimo, que foi ampliada nos governos do PT. O objetivo era fortalecer a indústria nacional, mas acabou acarretando custos mais altos para a Petrobras e outras empresas, e por isso foi reformulada no governo Temer.

    Na época, o Tribunal de Contas (TCU) realçou sua complexidade, rigidez e desconexão com a realidade da indústria. A política, disse o TCU, “gera, efetivamente, custos adicionais relevantes ao setor de produção de petróleo e gás”.

    As consequências negativas de reservas de mercado, como é o caso da política de conteúdo local mínimo, foram analisadas por Richard Baldwin no livro The Great Convergence (Harvard University Press, 2016). Para se contrapor a tal política, ele assinalou os benefícios da nova globalização iniciada nos anos 1990, que foi impulsionada pela revolução nos transportes (conteinerização), nas comunicações e na tecnologia de informação.

    Continua após a publicidade

    A tecnologia digital, a maior potência dos computadores, a robotização e a queda nos custos de comunicação habilitaram empresas multinacionais a gerir processos de produção mais distantes e complexos. A produção, fatiada em componentes, acontece em vários países, a custos mais baixos. Surgiu a rede global de suprimentos, que apesar dos abalos decorrentes da covid-19, continua a pleno vapor, ainda que venha experimentando uma reconfiguração. Os preços caíram e mais de um bilhão de pessoas saíram da pobreza nos mercados emergentes.

    Baldwin identifica seis países que se beneficiaram da nova realidade: China, Coreia, Índia, Indonésia, Tailândia e Polônia. A característica comum dessas nações é a abertura ao comércio internacional. Nenhum latino-americano está na lista. O Brasil, fechado, “não tem efetivamente participado da nova internacionalização da produção”, diz ele.

    A saída está, pois, em reformas para integrar o país à rede global de suprimento e não em reservas de mercado. Há que preparar o Brasil para o novo mundo e não sucumbir aos lobbies que insistem em restabelecer as regras de conteúdo local mínimo. É preciso abandonar de vez ideias que não deram certo.

    Publicidade

    Publicidade
    Imagem do bloco

    4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

    Vejinhas Conteúdo para assinantes

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.