A difícil vida dos ex-ministros de Bolsonaro em suas estreias eleitorais
No Rio de Janeiro, João Pessoa e Recife, ex-integrantes do primeiro escalão do governo anterior lutam para garantir vaga no segundo turno
A experiência de ter integrado o primeiro escalão do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro parece não render dividendos eleitorais nas eleições deste ano. As pesquisas de intenção de votos divulgadas por diferentes institutos na reta final da campanha no Rio de Janeiro, João Pessoa e Recife, onde concorrem o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga e o ex-titular do Turismo Gilson Machado, apontam a possibilidade reduzida de algum deles chegar ao segundo turno. Todos eles estão fazendo as suas estreias como candidatos em uma eleição.
O candidato cujo desempenho o deixa mais próximo de levar a disputa para o segundo turno é Ramagem, mas ainda assim muito difícil. A pesquisa mais recente sobre a disputa pela prefeitura da capital fluminense, divulgada pelo instituto Real Time Big Data nesta terça-feira, 1, coloca o ex-diretor da Abin com 23% das intenções de votos, um ponto a mais na comparação com o levantamento feito pelo mesmo instituto no mês anterior.
O problema, para Ramagem, é que o prefeito Eduardo Paes (PSD) lidera a disputa com 55% das intenções de votos. Embora tenha oscilado negativamente dois pontos em relação ao levantamento anterior, a pontuação do prefeito é suficiente para ele levar a disputa já no primeiro turno.
O quadro é semelhante ao apresentado pela Quaest na segunda-feira, 30. O instituto também identificou uma redução das intenções de votos em Paes na comparação com o mês anterior, mas também o coloca em condições de ser eleito no primeiro turno, mesmo com a oscilação positiva registrada por Ramagem no período. Segundo a Quaest, Paes tinha 64% em setembro e agora tem 53%. Já Ramagem foi de 18% em setembro para 20% em outubro.
Reforço
O ex-presidente, que tem circulado por diversos estados para dar apoio a candidatos aliados, deverá dedicar a última semana antes das eleições a municípios do Rio de Janeiro e do Vale do Paraíba, segundo sua assessoria. Nas redes sociais, o ex-presidente e aliados anunciam atos em Angra dos Reis e Paraty. Na campanha de Ramagem há a expectativa de haver agenda com Bolsonaro entre sexta e domingo. Há ainda a possibilidade de os dois estarem juntos no momento da votação.
Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro desembarca nesta quinta-feira, 3, em João Pessoa para participar de uma agenda de campanha do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga à prefeitura da capital paraibana. Queiroga enfrenta dois desafios neste momento: se desvencilhar de um empate triplo para assumir a segunda colocação e fazer com que o prefeito Cícero Lucena (PP), que lidera com folga a disputa, não seja eleito no primeiro turno.
A pesquisa Real Time Big Data divulgada no último dia 25 aponta Cícero Lucena com 53% das intenções de votos e um empate triplo em que Luciano Cartaxo (PT) e Ruy Carneiro (Podemos) aparecem com 13%, e Marcelo Queiroga (PL), com 10%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais e para menos.
Ministro sanfoneiro
No Recife, a situação de Gilson Machado, o ministro que ficou célebre por tocar sanfona em eventos com Bolsonaro, é mais complicada. No levantamento divulgado pelo Paraná Pesquisas nesta quarta-feira, 2, o candidato do PL marca 7,8% numa disputa em que o líder, o prefeito João Campos (PSB), tem 75,6%, com grandes possibilidades de ser reeleito no primeiro turno. Quando são excluídos os percentuais de quem pretende votar nulo, em branco ou não soube responder, Campos chega a 82,5% das intenções dos chamados “votos válidos”.