A dura crítica da viúva de Marielle Franco ao ministro Lewandowski
Monica Benicio criticou falta de respostas e 'disputa de protagonismo político' que envolve a investigação
O anúncio feito pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, de que o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou o acordo de delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa desagradou a viúva de Marielle Franco. Monica Benicio, que é vereadora pelo PSOL no Rio de Janeiro, disse que o pronunciamento desta terça, 19, “em nada colabora com a esperança” e criticou a “disputa de protagonismo político” em torno do caso.
“Nós, familiares de Marielle e Anderson, não aguentamos mais a falta de respostas sobre quem mandou matar Marielle e nem promessas vazias sobre especulações de prazos que não se sustentam, só servem pra aumentar a nossa dor e a nossa ansiedade. Isso é desrespeitoso conosco“, disse Benicio no X (antigo Twitter), depois do pronunciamento.
Ela acusou diretamente Lewandowski de transformar o caso em um “espetáculo”. “O que me causou surpresa, realmente, foi ver um ministro de Estado agir do mesmo modo, em especial, com o fechamento vazio de seu pronunciamento.”
Fui surpreendida, junto a milhões de brasileiros, pela notícia de que o Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, daria hoje uma coletiva de imprensa sobre o caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
O STF homologou a delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial…
— Monica Benicio 🏳️🌈 (@monica_benicio) March 19, 2024
O anúncio feito pelo ministro na terça não deu detalhes sobre o teor da delação. Lewandowski disse apenas que terá “brevemente” a solução do crime. “Queremos respostas concretas. Espero que a próxima coletiva convocada seja para fazer um pronunciamento de ordem concreta e realmente comprometida com a Justiça”, disse Benicio nas redes sociais. No último dia 14, o assassinato de Marielle completou seis anos.
Investigações
Ainda na gestão de Flávio Dino no ministério, as investigações esclareceram a cadeia de execução do assassinato de Marielle, mas ainda não haviam chegando ao mandante. O encerramento da investigação foi uma das promessas de Lula para o seu terceiro mandato.
O caso foi federalizado em fevereiro de 2023, no começo da gestão petista. Desde então, esse é o segundo acordo de colaboração premiada feito no caso. Élcio de Queiroz, apontado como o condutor do veículo usado no crime, fez uma delação em julho passado. Lessa é suspeito de ter sido o autor disparos e de ser o contratado pelo mandante.
Além dos dois ex-policiais militares, o bombeiro Maxwell Simões Corrêa também está preso, investigado por colaborar com a dinâmica do crime. No último dia 28, o Gaeco do Rio prendeu na Baixada Fluminense um homem suspeito de descartar o veículo usado pelos criminosos.
O caso estava no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e foi encaminhado para a Corte Constitucional no último dia 13, porque passou a ter como um dos investigados alguém com foro privilegiado por prerrogativa de função. O relator é o ministro Alexandre de Moraes.