Ao menos cinco auxiliares do primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro — incluindo quatro ex-ministros — devem disputar prefeituras nas eleições deste ano. Reportagem da edição de VEJA desta semana mostra como o ex-presidente, mesmo inelegível e em meio a embaraços judiciais, tem atuado como cabo eleitoral para alavancar aliados em capitais estratégicas.
A pouco mais de seis meses para o pleito, pesquisas de intenção de voto apontam um cenário ainda pulverizado, mas com os postulantes bolsonaristas — todos do PL de Bolsonaro — ainda com dificuldades na disputa eleitoral. Nenhum deles está perto de liderar a corrida pelas prefeituras de suas cidades.
Veja abaixo como estão os ex-ministros bolsonaristas na eleição deste neste ano:
João Roma – Salvador (BA)
O ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro aparece em terceiro lugar na corrida eleitoral em Salvador, com 6,1% das intenções de voto, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas divulgado em 24 de janeiro. Tecnicamente, ele está empatado na margem de erro com Geraldo Júnior (MDB) — vice-governador da Bahia e nome apoiado pelo PT –, que tem 11,2%. A margem é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Quem lidera a disputa é o atual prefeito, Bruno Reis (União Brasil), com 59,9% da preferência do eleitorado.
João Roma tem sido frequente nos eventos de Bolsonaro, como o ato que reuniu uma multidão na Avenida Paulista, em fevereiro. O ex-auxiliar também foi escolhido para ser o pré-candidato bolsonarista a receber a primeira “agenda de campanha” do ex-presidente. No último sábado, 9, Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participaram de encontros do PL, em Salvador.
Marcelo Queiroga – João Pessoa (PB)
Confirmado pelo PL como pré-candidato à capital paraibana na última segunda-feira, 11, Marcelo Queiroga aparece em quarto lugar nas sondagens. Pesquisa divulgada pelo Instituto Datavox na última semana aponta o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro com 3,2% das intenções de voto. Quem lidera a disputa é o atual prefeito, Cícero Lucena (PP), com 39,6%. Em segundo, figurava o até então pré-candidato do PT, Luciano Cartaxo, com 12,4% — ele, no entanto, anunciou a desistência também na segunda-feira, em meio a um racha interno da legenda na capital. Em terceiro, está o deputado federal Ruy Carneiro (Podemos), com 8,9%.
Assim como João Roma, Queiroga também tem sido habitué nas andanças de Bolsonaro e já anunciou que João Pessoa será um dos próximos destinos da “caravana eleitoral” do ex-presidente. Para conseguir a oficialização de seu nome para a disputa à prefeitura, teve de derrotar o correligionário Cabo Gilberto Silva, deputado federal e presidente do diretório municipal do PL. Quem interviu foi Bolsonaro, que na última semana gravou um vídeo declarando apoio a Queiroga.
Gilson Machado – Recife (PE)
Também integrante da claque mais próxima a Bolsonaro, o ex-ministro do Turismo anunciou que será o candidato do PL em Recife, num cenário adverso. Levantamento divulgado em 5 de março pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra o atual prefeito, João Campos (PSB), com 64,4% das intenções de voto. Em segundo, figura João Paulo (PT), com 7,5% dos votos e, em terceiro e empatando tecnicamente com o petista, vem o ex-deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), com 5,5%. Gilson aparece com 5,4%, tecnicamente empatado com João Paulo e Coelho.
Alexandre Ramagem – Rio de Janeiro (RJ)
O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal aparece em segundo lugar na corrida à Prefeitura do Rio de Janeiro, com 19,1% das intenções de voto, mostra pesquisa AtlasIntel de janeiro. O atual prefeito, Eduardo Paes (PSD), é quem lidera a disputa, com 36,2%. Ainda figuram na lista os deputados Tarcísio Motta (PSOL), com 17,8%, e Ottoni de Paula (MDB), com 6,9%.
Nome de confiança do clã Bolsonaro, Ramagem deverá ter como coordenador de campanha o vereador Carlos Bolsonaro, que em breve consolidará a migração do Republicanos para o PL, onde assumirá o comando estadual da legenda.
Ramagem foi um dos alvos da operação deflagrada em janeiro deste ano e que investiga uma organização criminosa que teria se instalado na Abin nos anos Bolsonaro, com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
Embora não oficializado pelo partido, Onyx Lorenzoni (PL) aparece nas pesquisas de intenção de voto na capital gaúcha. Sondagem da Futura Inteligência, em parceria com Apex Partner, divulgada em dezembro, mostra o ex-ministro em quarto lugar. O atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), aparece com 33,5%, seguido por Manuela d’Avila, do PCdoB (13,1%), José Fortunati, do União (10,8%), Onyx Lorenzoni (9,6%) e Edegar Pretto, do PT (9,1%).
No governo Bolsonaro, Onyx foi ministro da Casa Civil, Cidadania, Secretaria-Geral da Presidência e do Trabalho e Previdência.