O tamanho da “motosseata” do presidente Jair Bolsonaro no último sábado, dia 12, em São Paulo, virou motivo de uma guerra de versões nas redes sociais. Os bolsonaristas alardearam, de forma absolutamente exagerada, que mais de 1,3 milhão de motociclistas haviam participado do ato político, enquanto alguns da oposição tentaram minimizar afirmando que compareceram apenas 300 — uma estimativa igualmente fantasiosa. No centro do debate, estão as imagens captadas de diferentes ângulos, que mostram uma manifestação ora maior ora menor, dependendo da posição política do transmissor.
O ponto de maior discórdia ocorreu quando Bolsonaro parou para discursar em um trecho da Rodovia dos Bandeirantes, próximo ao trevo de Jundiaí (SP). Nesse momento, concentrou-se um grupo menor e mais compacto que acompanhava de perto o presidente no passeio motociclístico. Essa cena mais ampla foi captada pelas câmeras de televisão que cobriam o ato de helicóptero — e depois foram divulgadas pelas redes oposicionistas para alfinetar o presidente apontando uma suposta baixa adesão. Após alguns minutos, no entanto, um grupo mais distante e mais disperso de motociclistas começou a chegar e a se aglomerar no local — daí nasceram as imagens feitas de um ponto mais fechado que foram compartilhadas por Bolsonaro, seus filhos e seguidores.
A alardeada participação de mais de 1 milhão de motociclistas, no entanto, com o complemento de que esse feito havia sido registrado pelo Guinness Book, o livro dos recordes, é fake news — a cidade de São Paulo tem uma frota total de 1,2 milhão de motos. A Secretaria de Estado da Segurança Pública estimou a presença de 12.000 veículos com base em cálculos feitos por imagens aéreas dos helicópteros da Polícia Militar e dispositivos de georreferenciamento.
Além de virarem alvo de discórdia nas redes sociais, as imagens do ato também serviram como base para as multas aplicadas ao presidente Jair Bolsonaro, aos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Carla Zambelli (PSL-SP) e aos ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Ricardo Salles (Meio Ambientr) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) pelo motivo de não estarem usando máscaras durante a manifestação, segundo o governo João Doria (PSDB). As fotos também mostraram que havia motos com placas cobertas por faixas brancas e que Bolsonaro usava um capacete irregular, vetado pelo Conselho Nacional de Trânsito.