O hacker Walter Delgatti Neto, que ficou célebre como um dos autores da interceptação de diálogos envolvendo membros da Operação Lava-Jato – episódio que ficou conhecido como “Vaza-Jato” –, voltou a ser preso pela Polícia Federal nesta terça-feira, 27, por descumprimento de decisão judicial que o havia proibido de acessar a internet.
Segundo a GloboNews, a nova prisão de Delgatti foi confirmada por seu advogado, Ariovaldo Moreira – VEJA procurou o defensor, mas ele não respondeu aos contatos da reportagem.
Delgatti foi preso pela primeira vez em julho de 2019, na Operação Spoofing, que desarticulou uma quadrilha que acessou os telefones de várias autoridades, entre elas o então procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. A revelação dos diálogos, que sugeriam haver uma articulação ilegal entre os procuradores e o então juiz Sergio Moro, foi fundamental para livrar o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão e deu início à espiral de declínio que atingiu a operação.
Delgatti foi solto de forma condicional em outubro de 2020 pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, o mesmo que agora mandou prendê-lo de novo após investigação da PF mostrar que o hacker continuava usando a internet apesar da proibição judicial.
Após deixar a prisão, Delgatti acabou se aproximando do então presidente Jair Bolsonaro, em parte porque se sentiu pouco prestigiado por Lula e pelo PT, de quem esperava maior retribuição pela ajuda que deu à reabilitação política do petista.
Em agosto de 2022, reportagem de VEJA mostrou que Delgatti foi ao Palácio da Alvorada conversar com Bolsonaro sobre como poderia ajudar na sua campanha eleitoral. VEJA foi o único veículo a flagrar com fotos a chegada do hacker à residência oficial da Presidência. Naquela mesma época, ele também se encontrou com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto – leia a reportagem aqui.
Em novembro de 2022, VEJA também revelou que o hacker havia participado de tratativas com militares em uma articulação para tentar colocar em xeque a credibilidade das urnas eletrônicas. Ele chegou a se encontrar com o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e conversou com um grupo que incluía o coronel Eduardo Gomes da Silva — oficial do Exército que não tem cargo na pasta. Silva é secretário especial de Modernização do Estado, vinculado à Secretaria-Geral da Presidência, e ficou conhecido em julho de 2021 ao aparecer ao lado de Bolsonaro na live em que o presidente lançou suspeitas contra as urnas, sem apresentar provas – leia a matéria completa aqui.