Maquiavel

Por José Benedito da Silva

A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho e Isabella Alonso Panho. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Brasil

A reação de Janaina Paschoal à pergunta sobre impeachment de Dilma

Vereadora demonstra irritação ao ser questionada se tem arrependimento de ser uma das autoras do pedido e parte para cima do entrevistador: 'Inquisidor!'

Por Isabella Alonso Panho SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 10 fev 2025, 12h19 - Publicado em 10 fev 2025, 12h09

A vereadora Janaina Paschoal (PP-SP) se irritou durante uma entrevista ao ser questionada se teria se arrependido de ter sido uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ao responder, ela disse que “tem orgulho”, afirmou que “faria tudo de novo”, e partiu para cima do entrevistador, chamando-o de “mal-educado”, “cínico” e “inquisidor”.

Na entrevista, divulgada no canal My News, o ex-deputado federal e professor Mauricio Rands, que é filiado à Rede mas já foi do PT, questionou a vereadora sobre um possível arrependimento por ter sido uma das autoras do pedido de impeachment, porque, segundo ele, isso teria permitido o crescimento político de Jair Bolsonaro e de militares que articularam um plano para dar um golpe de estado. Hoje, a Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa um inquérito que indiciou o ex-presidente e 36 aliados pela tentativa de atentar contra a democracia.

“O senhor está parecendo um participante da inquisição. Quantas vezes o senhor falou, ‘você se arrepende’? Acho que o senhor precisa voltar um pouco mais na história. Se o senhor se considera democrático, está bem inquisitorial”, disse Janaina. O ex-deputado tentou respondê-la, mas ela atravessou a fala dele e o chamou de “mal educado, cínico, agressivo e inquisidor”.

Instantes depois, a vereadora continuou e respondeu a pergunta. “Sua abordagem foi vergonhosa. Eu não me arrependo. Pergunta se eu me arrependo, inquisidor? Tenho orgulho, faria tudo de novo. Dobra sua língua para falar comigo”, disse.

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A entrevista foi ao ar na quinta-feira, 6. Nesta segunda, 10, Janaina comentou o episódio nas suas redes sociais, por conta da repercussão na imprensa. “Em seu tom professoral, a direita seria intrinsecamente autoritária. Depois de eu responder, reparem no discurso dele sobre desequilíbrio. Poderia ter ficado calada? Poderia ter fingido não perceber o que estava acontecendo e responder um monossilábico não? Poderia! Teria sido mais sofisticado? Com certeza! Mas a verdade é que não me arrependo do impeachment e não me arrependo de ter demonstrado de forma bastante clara a minha indignação”, disse no X (antigo Twitter).

Além de ser autora do pedido, Janaina Pachoal era entusiasta do pedido de impeachment de Dilma. Em abril de 2016, a então professora de Direito Constitucional “viralizou” nas redes sociais após discusar de forma exaltada na Faculdade de Direito da USP, girando uma bandeira verde-amarela sobre a sua cabeça, afirmando que “o Brasil não é a república da cobra”.

Após o processo de impeachment, Janaina Paschoal chegou a ser cogitada como vice na chapa de Jair Bolsonaro mas o acordo não foi fechado. Ela foi eleita deputada estadual por São Paulo e exerceu mandato de 2019 a 2023, antes de se eleger vereadora.