De apoiadores a grupo de oposição, a relação do Movimento Brasil Livre (MBL) com o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) passou por altos e baixos. O grupo, que foi fundado na onda das manifestações de rua em 2013, ganhou repercussão ao apoiar o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 e elegeu parlamentares em 2018 de mãos dadas com o bolsonarismo, mas agora realiza atos contra Bolsonaro.
O MBL endossou o apoio ao bolsonarismo durante as eleições de 2018, especialmente no segundo turno, por acreditar que o atual presidente seria uma alternativa melhor do que Fernando Haddad, candidato do PT — um partido contra o qual o MBL nasceu. Na época, mais de uma foto circulou nas redes com Bolsonaro rodeado por integrantes do grupo, como os eleitos deputado federal Kim Kataguiri e deputado estadual Arthur do Val, ambos do Podemos de São Paulo.
O grupo começou a pular fora do barco no primeiro semestre de governo. Kataguiri foi o primeiro a dizer, em maio de 2019, que o presidente estaria “indo para o abismo” e “levando com ele seus seguidores mais fanáticos”. Desde então, a relação só piorou, a ponto do MBL realizar manifestações em apoio ao impeachment de Bolsonaro. Em algumas delas, foi sugerida até a união com partidos de esquerda, também favoráveis à abertura do processo.
Nos capítulos mais recentes, o MBL abraçou o pré-candidato do Podemos, Sergio Moro, que também virou desafeto de Bolsonaro ao abandonar o governo e acusar o presidente de interferência no comando da Polícia Federal. Hoje, Moro é o presidenciável apoiado pelo grupo.
O apoio só ficou desgastado após o ex-juiz romper com Arthur do Val em decorrência das falas machistas durante a viagem do deputado estadual à Ucrânia. Mesmo assim, na queda de braço, foi o deputado que abriu mão de sua pré-candidatura ao governo de São Paulo. No episódio, Bolsonaro também aproveitou para criticar o integrante do MBL, chamando sua frase de “asquerosa”.