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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Aliados querem que Lula vá a cultos e faça lives para evangélicos

Petista deve falar mais sobre pautas exploradas de forma negativa pelo bolsonarismo, como aborto e drogas, mas discurso sobre a economia será prioridade

Por Victoria Bechara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 ago 2022, 15h27 - Publicado em 19 ago 2022, 14h03

Na busca pelo eleitorado evangélico, que hoje majoritariamente apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL), aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traçam estratégias para combater fake news espalhadas pelos bolsonaristas e esclarecer posicionamentos do petista sobre temas polêmicos, como aborto.

A campanha planeja a participação do ex-presidente em um culto em São Paulo, ainda sem data marcada. Aliados também pedem que Lula faça lives com líderes religiosos nas redes sociais para falar sobre o que já foi feito em seus governos e o que pretende fazer pelos evangélicos, além de desmentir notícias falsas. A sugestão foi levada pelo pastor Paulo Marcelo Schallenberger a Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, que teria gostado da ideia.

Candidato a deputado federal pela Rede Sustentabilidade, o pastor tem ajudado a campanha de Lula na aproximação com os evangélicos. Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira 18, Bolsonaro lidera entre esse público, com 49% das intenções de voto, ante 32% do petista. Lula tem vantagem entre os católicos. A coligação tem outros representantes evangélicos, como a deputada Benedita da Silva (PT) e o pastor Henrique Vieira (PSOL).

Segundo aliados, Lula é aconselhado a falar abertamente sobre pautas como o aborto e liberação das drogas, temas constantemente usados pelo bolsonarismo para atacá-lo. A ideia é que ele esclareça que não é a favor da descriminalização da interrupção de gravidez, por mais que defenda que o tema seja tratado como uma questão de saúde pública.

O escândalo no Ministério da Educação, no governo Bolsonaro, que levou à prisão o ex-ministro Milton Ribeiro e outros pastores evangélicos por suspeita de participação em um esquema de corrupção, também deve ser explorado pela campanha petista.

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Ataques bolsonaristas

A reação do PT vem na esteira da ofensiva bolsonarista nas redes sociais. Aliados do presidente Jair Bolsonaro, como o deputado Marco Feliciano (PL-SP), espalharam uma notícia falsa de que, se eleito, Lula fecharia igrejas. Os filhos do presidente fazem publicações na mesma linha. “Lula não gosta dos cristãos, zomba do Pai Nosso, e agora, ofende os evangélicos! Esquerdista é assim no mundo todo! E ainda tem gente no partido que sugeriu fazer aliança com o diabo!”, escreveu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). 

Nesta semana, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mandou excluir um vídeo em que a ex-ministra Damares Alves acusou Lula de incentivar o uso de drogas. O ministro Raul Araújo considerou o vídeo como “conteúdo inverídico que resulta em desinformação” e “configura propaganda eleitoral antecipada negativa”.

A ideia do PT, no entanto, é evitar entrar em uma guerra santa. “A mensagem que o PT quer passar é que Lula e o partido sempre defenderam a liberdade religiosa e a paz, queremos contrapor o discurso de ódio”, afirma Gutierres Barbosa, secretário do núcleo inter-religioso do partido. 

Membros da campanha de Lula afirmam que discussões sobre a situação econômica do país, fome e inflação ainda devem ser prioridade para atrair o eleitorado evangélico. Também há um movimento para lembrar o que foi feito pelos governos petistas, como a criação da Marcha para Jesus, do Dia Nacional do Evangélico e a sanção da lei que deu personalidade jurídica às igrejas.

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