Como foi o primeiro dia de julgamento do STF da tentativa de golpe
Primeira Turma ouviu defesas de Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres; sessão volta na quarta-feira às 9h

Nesta terça-feira, 2, o Supremo Tribunal Federal deu início ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. A Primeira Turma volta a se reunir na quarta-feira, às 9h, para continuar as argumentações das defesas do chamado “núcleo crucial” da trama golpista.
Na sessão de hoje, foram ouvidos os advogados de Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres. Faltam argumentar as defesas de Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. O ex-presidente não deve comparecer presencialmente a nenhum dos cinco dias previstos para o julgamento, segundo seus defensores.
Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, apresentou seu relatório no início da sessão. Durante as considerações, o ministro criticou tentativas de interferência internacional no julgamento, citou as medidas cautelares impostas a Jair Bolsonaro e as investigações contra Eduardo Bolsonaro por obstrução da Justiça e declarou que a soberania nacional “jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, leu em seguida as denúncias movidas pela PGR. A acusação sustenta que Jair Bolsonaro seria o líder de uma organização criminosa responsável pelos atentados de 8 de janeiro de 2023, ataques às urnas eletrônicas, planos para assassinar autoridades, incitações de atos antidemocráticos, acampamentos em defesa de intervenção militar, uso da “Abin Paralela” para investigar opositores ao governo e aparelhamento da PRF para prejudicar as eleições.
Confira os destaques, minuto a minuto, do julgamento desta terça-feira:
18h53 — Zanin encerra sessão da Primeira Turma do STF
Julgamento será retomado às 9h de amanhã com a argumentação da defesa de Augusto Heleno.
17h38 — ‘Minuta do golpe não tem valor de prova algum’, diz advogado de Torres
Defesa do ex-ministro da Justiça afirma que documento encontrado em sua casa — um esboço de decreto de sítio, de três páginas, prevendo prisão de autoridades — não é a mesma minuta que Mauro Cid teria distribuído a investigados pelo golpe. Segundo o defensor Eumar Novacki, o texto apreendido na residência de Torres já estava em circulação na internet desde dezembro de 2022.
17h25 — Defesa de Anderson Torres diz que PGR ‘pesou a mão’ ao tentar associar ex-ministro a bloqueios rodoviários da PRF
Entre as acusações contra Torres, estão as ordens que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) recebeu durante as eleições para bloquear estradas em redutos eleitorais do PT. A ex-delegada da PF Marília Alencar, também ré no processo, também estaria envolvida. A defesa afirma que todos os encontros entre o então ministro da Justiça e diretores da PF e PRF, na época, foram “reuniões rotineiras” de trabalho e que Torres nunca determinou obstruções para prejudicar a votação.
17h15 — Advogado diz que ex-ministro não se referia a golpe em mensagem sobre ‘dar merda’
Enquanto discutia uma auditoria nas urnas eletrônicas com Walter Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil, Anderson Torres declarou: “Depois que der merda, não muda nada não”. Frase foi destacada pela PGR como prova da intenção golpista do ex-ministro da Justiça — Eumar Novacki, defensor de Torres, diz que o réu se referia a “perder as eleições” e não demonstra apoio a golpe.
17h08 — Subprocurador-geral interrompe advogado de Torres e diz que há provas contra a viagem do ex-ministro
“O senhor conhece o comunicado da Gol de que esse código apresentado por Torres não correspondia a uma reserva?”, questiona Paulo Vasconcelos Jacobina, que representa a PGR no processo. Defensor do ex-ministro da Justiça diz que não comprovou a veracidade do documento da companhia aérea.
17h05 — Defesa nega que Anderson Torres tenha forjado viagem dias antes dos atentados de 8 de janeiro
Dois dias antes dos atos violentos em Brasília, ex-ministro da Justiça — que atuava como secretário de Segurança do Distrito Federal — viajou com a família aos Estados Unidos. Advogado diz que Torres já havia comunicado as férias com antecedência ao governador Ibaneis Rocha (MDB).
16h54 — Começa a defesa de Anderson Torres no STF
O advogado Eumar Roberto Novacki representa o ex-ministro da Justiça, acusado de participar das articulações do golpe dentro do governo Bolsonaro — na casa de Torres, a Polícia Federal encontrou uma das “minutas do golpe”, no formato de um rascunho de decreto de estado de defesa.
16h45 — Defesa de Garnier aponta contradições da PGR sobre mobilização de militares
Em depoimento, chefes do Exército e da Aeronáutica acusaram ex-comandante da Marinha de dizer a Bolsonaro que “tropas estavam à disposição” para o golpe. Data da reunião entre ex-presidente e militares, contudo, é contraditória em versões diferentes da denúncia da PGR. Advogado Demóstenes Torres critica “narrativa globalizante” do Ministério Público, que seria falha ao não apontar ligação do almirante Garnier aos atentados de 8 de janeiro.
16h35 — ‘Quem sepultou o voto impresso no Brasil fui eu’, declara Demóstenes Torres, advogado de Garnier
Ex-senador exibe projeto de lei relatado por ele em 2011, de autoria de Lindbergh Farias (atualmente deputado pelo PT), que revogou a volta do voto impresso que o Congresso havia reinstituído para as eleições de 2014. Advogado argumenta, porém, que defender o modelo antigo de votação é exercer a liberdade de expressão. “Temos que tolerar essas bobagens. Não podemos fazer a criminalização do dissenso”, afirma.
16h20 — Defesa de Garnier pede anulação da delação de Mauro Cid, citando contradições apontadas pela PGR
“[Mauro Cid] é omisso, portador de comportamento ambíguo, contraditório e resistente ao cumprimento das obrigações pactuadas, com vícios que comprometem a credibilidade integral dos seus relatos. Quem disse isso? Paulo Gonet”, diz advogado Demóstenes Torres.
16h15 — ‘É possível gostar do ministro Alexandre de Moraes e do ex-presidente Jair Bolsonaro? Sim, sou eu’, diz advogado de Garnier
Nos vinte minutos iniciais da argumentação, Demóstenes Torres elogia individualmente cada ministro da Primeira Turma do STF, recorda a própria carreira como senador, defende nomes para o Supremo e cita primeiro encontro com Bolsonaro, ainda sem mencionar as acusações contra o ex-comandante da Marinha por incitar golpe dentro das Forças Armadas.
15h55 — Demóstenes Torres, advogado de Almir Garnier, inicia sustentação com elogios a Zanin pela defesa de Lula
Defensor do ex-comandante da Marinha lê artigo que exalta o papel do atual ministro do STF durante o processo e condenação do atual presidente, em 2018, e chama Sergio Moro de “juiz algoz”.
15h54 — Cármen Lúcia dá bronca em advogado de Ramagem por usar ‘voto impresso’ e ‘voto auditável’ como sinônimos
“O voto é amplamente auditável no Brasil, desde a instituição do sistema eletrônico em 1996, e vossa senhoria confundiu estes termos repetidas vezes”, diz ministra. Paulo Cintra, advogado do ex-diretor da Abin, diz que usou os termos da maneira como apareciam nos documentos do réu.
15h45 — Defesa de Ramagem nega existência de ‘Abin Paralela’ para espionar autoridades no governo Bolsonaro
Segundo o advogado Paulo Renato Cintra, evidências da PGR são pautadas em conversas de WhatsApp que não haviam sido apresentadas na denúncia original. Defensor diz que documentos comprovam apenas o monitoramento irregular do ex-deputado Jean Wyllys, em período antes de Alexandre Ramagem assumir o comando da Abin. A defesa sustenta ainda que o ex-policial da Abin Marcelo Bormevet, também réu na trama golpista, teria realizado espionagem ilegal por razões ideológicas e não agiu sob ordens de Ramagem.
15h42 — ‘Não há nenhum coelho na cartola e nenhuma surpresinha’, dizem advogados sobre defesa de Bolsonaro
A expectativa é que eles façam a defesa do ex-presidente apenas amanhã, abrindo os trabalhos do segundo dia do julgamento. Uma das linhas centrais da defesa deve ser descredibilizar a delação de Mauro Cid. (Marcelo Ribeiro)
15h27 — ‘Certo ou errado, Alexandre Ramagem acreditava no voto auditável e ele defendeu’, diz advogado
Defesa diz que nenhuma das cartas endereçadas a Bolsonaro sobre urnas, voto impresso e sistema eleitoral foi enviada ao ex-presidente. Nos dispositivos do ex-diretor da Abin, a Polícia Federal encontrou documentos com nomes como “Bom Dia Presidente” e “Presidente TSE Informa”.
15h15 — GT sobre urnas eletrônicas nunca saiu do papel, afirma advogado de Ramagem
O ex-diretor da Abin é acusado de levantar questionamentos sobre a segurança das urnas para minar a credibilidade do sistema eleitoral. Documentos encontrados com Ramagem citam um “grupo de trabalho” voltado a investigar falhas nos dispositivos — segundo Paulo Cintra, que defende o deputado federal, servidores da Abin não participavam de auditorias em urnas em parceria com a Justiça Eleitoral e PF para não expor suas identidades.
15h10 — Jair Bolsonaro não deve comparecer a nenhum dia do julgamento, diz defesa
Advogado Paulo Cunha Bueno diz a jornalistas que o ex-presidente não pretende pedir para acompanhar in loco nenhuma audiência — novas sessões devem ocorrer nos dias 3, 9, 10 e 12 de setembro, segundo o calendário do STF. (Laryssa Borges)
15h03 — Defesa de Ramagem alega irregularidades processuais na denúncia e julgamento
Advogado Paulo Cintra sustenta que ex-diretor já havia deixado a Abin em 8 de janeiro de 2023, diz que PGR apresentou novas denúncias ao longo do processo e afirma que STF deu prazos muito curtos para elaborar os argumentos da defesa.
14h52 — Começa a sustentação da defesa de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin
Fala pelo deputado federal o advogado Paulo Renato Garcia Cintra Pinto.
14h48 — Advogados de Cid sustentam que tenente-coronel não cometeu crime: ‘não pode ser punido por ter conexões abstratas’
“Não há uma linha, um áudio, uma fala que demonstre a intenção real de subverter o regime constitucional vigente”, diz Cezar Bitencourt. Defesa insiste na tese de que o tenente-coronel apenas repassou documentos recebidos, e que não há provas de que tenha apoiado a tentativa de golpe ou abolição violenta do Estado.
14h42 — Defesa diz que Mauro Cid pediu baixa do Exército por ‘não ter mais condições psicológicas’
Jair Alves Pereira pede que PGR e STF cumpram “contrato jurídico” e mantenham a validade da delação premiada e dos benefícios acordados ao tenente-coronel e sua família. Entre as cláusulas da delação do ex-ajudante de ordens, ficou constado que Cid, em troca da colaboração, não deveria ser condenado a mais de dois anos. O marco temporal era importante porque, depois de dois anos, ele acabaria expulso das Forças Armadas — com a baixa, a cláusula perdeu a razão de ser. (Laryssa Borges e Bruno Caniato)
14h36 — ‘Entre falar tudo o que sabe e praticar tem uma diferença muito grande’, diz defesa de Cid
Defensor discorda da afirmação da PGR de que o delator “resistiu a falar” sobre os crimes. “Ele não tinha conhecimento dos planos Punhal Verde e Amarelo e Copa 2022, apenas e tão somente recebeu um arquivo”, afirma Jair Alves Pereira.
14h29 — Advogado diz que STF seguiu ‘devido processo legal’ nos interrogatórios de Cid
Jair Alves Pereira nega que Moraes tenha ameaçado o delator, durante oitivas, quando advertiu sobre consequências legais para a família de Cid: “Vossa Excelência tinha a obrigação de dizer isso”, diz o advogado, olhando para o ministro relator.
14h22 — Defesa de Cid cita áudios revelados por VEJA sobre a delação premiada
Nas gravações, ex-auxiliar de Bolsonaro cita pressão dos investigadores para mudar sua denúncia sobre o golpe. Para Jair Alves Pereira, advogado do tenente-coronel, os áudios não contêm indícios de coação e não interferem no conteúdo da delação. “Nunca falaram com Mauro Cid sem a presença da defesa”, diz.
14h18 — Delação de Mauro Cid é principal alvo dos demais réus
VEJA conversou com os advogados Paulo Cunha Bueno, que representa Jair Bolsonaro, e Demóstenes Torres, que defende Almir Garnier. Ambos argumentaram que a delação de Mauro Cid deve ser derrubada porque o colaborador mentiu e omitiu sobre fatos que sabia. Segundo eles, não existe em lei a possibilidade de o benefício ser dosado a depender da conveniência do caso concreto porque o acordo de colaboração funciona como um acordo — se foi descumprido, diz Demóstenes, o acordo simplesmente não existe mais. (Laryssa Borges)
14h15 — Agora: Primeira Turma do STF retoma o julgamento do golpe
Sessão desta terça-feira deve durar até 19h. Fase de argumentação da defesa começa com advogados de Mauro Cid, delator do caso, e segue por ordem alfabética dos réus.
14h02 — ‘Vão bater na delação, mas ela foi efetiva’, diz advogada de Mauro Cid
Defesa do tenente-coronel será a primeira a falar e tentará alegar que a delação foi crucial para a descoberta da trama golpista. Segundo Vânia Adorno Bitencourt, diversos elementos centrais da denúncia só foram descobertos porque Cid revelou. Como exemplo, ela cita as reuniões de Jair Bolsonaro com comandantes militares no Palácio da Alvorada, a reunião na casa do general Walter Braga Netto com kids pretos e a existência da minuta do ex-assessor para Assuntos Internacionais Filipe Martins. (Laryssa Borges)
13h35 — A ‘vacina’ de Gonet contra o discurso de ‘testemunha premiada’ da defesa de Cid
Primeiro a chegar ao STF para a segunda etapa do julgamento, Cezar Bitencourt, advogado de Mauro Cid, deve basear sua defesa na tese de que o tenente-coronel não cometeu crime algum. O PGR, no entanto, criticou mais cedo a defesa do ex-ajudante de Bolsonaro por tentar imputar ao militar a condição de “testemunha premiada”. Por lei, o delator precisa confessar crimes dos quais participou e, na sequência, revelar tudo o que sabe aos investigadores. Cid, no entanto, adotou postura errática e por diversas vezes se colocou como interlocutor privilegiado sem, contudo, compactuar com os ilícitos alvo da denúncia. Para Gonet, este tipo de postura não é possível na condição de delator. (Laryssa Borges)
MAQUIAVEL — O que os filhos de Bolsonaro estão falando durante o julgamento do pai
Flávio, Carlos e Eduardo teceram reclamações sobre a Corte e publicaram mensagens de apoio ao ex-presidente.
12h05 — Termina a apresentação das denúncias por Paulo Gonet
Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, suspende o julgamento. A previsão é que a sessão seja retomada às 14h com as sustentações orais das defesas.
12h01 — ‘Autogolpe também é golpe punível’, afirma PGR em apresentação de denúncias
Segundo Gonet, o crime de golpe de Estado não visa primariamente à proteção do chefe de governo, mas à ruptura violenta da ordem institucional por meio da força bruta.
11h59 — ‘Minutas golpistas foram refinadas ao longo do tempo’, diz Gonet
Segundo o procurador-geral, investigações indicam que plano de golpe foi apresentado em 7 de dezembro de 2022 em reunião convocada por Jair Bolsonaro. Medidas de exceção incluíam prisão de juízes e ministros, decretação de estado de sítio ou defesa e imposição de ações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).
11h52 — Falso relatório sobre urnas foi usado para manipular apoiadores de Bolsonaro e fortalecer desconfiança, afirma Gonet
Segundo relatório das acusações, o estudo técnico apresentado por militares à Justiça Eleitoral foi “deturpado” para sugerir falhas de segurança que não constavam na versão original.
11h32 — ‘Mauro Cid confirmou que Bolsonaro estimulava a expectativa popular por intervenção das Forças Armadas’, diz PGR
Segundo Gonet, presidente mantinha contato com os acampamentos golpistas em Brasília por intermédio do general Mario Fernandes, então assessor do general Luiz Eduardo Ramos na Secretaria-Geral da Presidência.
11h30 — Defesa de Augusto Heleno prepara 105 slides para tentar comprovar inocência do general
Advogados devem alegar que agenda teve as páginas colocadas em uma ordem específica e foi construída para simular que aquele era um manual golpista. O advogado de Heleno, Matheus Milanez, disse ter conversado logo cedo por telefone com o ex-chefe do GSI, que desejou ‘boa sorte’ na apresentação da defesa da tribuna. (Laryssa Borges)
RADAR — Gonet diz que réus buscaram a ‘decomposição’ da democracia no Brasil
Para o chefe da PGR, julgamento da trama golpista é momento em que democracia assume defesa ativa contra tentativa de golpe de Estado.
11h25 — ‘Os próprios integrantes da organização criminosa fizeram questão de documentar quase todas as fases da empreitada’, afirma Gonet
PGR relembra que o chamado “Plano 142”, alusão a um artigo constitucional, foi encontrada em uma pasta denominada “Memórias Importantes”.
11h22 — ‘O golpe tentado não se consumou pela fidelidade do Exército, não obstante o desvirtuamento de alguns integrantes, e da Aeronáutica, à força da Constituição’, diz Gonet
11h16 — Gonet cita espionagem pela Abin, bloqueios da PRF e plano de assassinar autoridades como fases do golpe
‘As provas da acusação decorrem de testemunhos e de documentos. Vistas no contexto em que se insere, são bastantes para afirmar a convicção segura das práticas repudiadas pela legislação penal’, afirma o procurador-geral.
11h12 — “A instauração do caos era explicitamente considerada etapa necessária do golpe para adesão de comandantes do Exército e da Aeronáutica”, diz PGR
Gonet afirma que atentados de 8 de janeiro e plano de explodir aeroporto em Brasília foram planejados pelos réus como parte da trama golpista.
11h05 — ‘Permanecem inabaladas as conclusões dispostas nas alegações finais da PGR’, declara Gonet
Segundo o PGR, ações dos réus do núcleo julgado apresentam “unidade de propósito”: impedir a posse de Lula e promover a continuidade do governo de Jair Bolsonaro, ignorando os resultados eleitorais de 2022.
11h — ‘É chegada a hora do julgamento, pela mais alta Corte do país, em que a democracia do Brasil assume sua defesa ativa contra a tentativa de golpe apoiado em violência ameaçada e praticada’, diz Gonet
Nas considerações iniciais, PGR afirma que “nenhuma democracia se sustenta se não contar com efetivos meios para se contrapor a atos orientados à sua decomposição perigosa, ultrajante dos meios dispostos pela ortodoxia constitucional para dirigir o seu exercício e para gerir a transição do poder político”.
10h55 — Alexandre de Moraes termina leitura do relatório e Paulo Gonet assume a palavra para apresentar acusações
Procurador-geral da República terá duas horas para resumir as evidências a favor da condenação de Jair Bolsonaro e demais sete réus do “núcleo crucial” do golpe.
10h52 — A interlocutores, Fux diz ter vivido ‘dia tenso’ em 7 de setembro de 2021
Na data apontada pela PGR como início da trama golpista, Fux teria passado a madrugada acordado, dando como certo que o STF seria alvo de invasão por extremistas, e havia recebido um plano de evacuação em caso de risco de violência contra os magistrados. Naquele dia, de cima de um carro de som, Bolsonaro chamou Moraes de “canalha” e desafiou Fux ao afirmar que não cumpriria mais decisões judiciais. Segundo interlocutores de Moraes, o ex-presidente da República o procurou dias depois para justificar a verborragia e disse que teria de “animado” ao proferir os ataques. “Por favor, não se anime mais”, resumiu, lacônico, o ministro do STF. (Laryssa Borges)
10h45 — Celso Vilardi, advogado de Bolsonaro, alega ‘saúde’ para justificar ausência do ex-presidente
Embora a defesa não tenha pedido autorização formal para o capitão comparecer à Primeira Turma, os advogados do antigo mandatário tendem a pedir, em caso de condenação, que ele cumpra pena em prisão domiciliar por conta de sua saúde frágil. Desde que foi alvo de um atentado a faca nas eleições de 2018, Bolsonaro já foi submetido a pelo menos sete cirurgias e apresenta episódios recorrentes de soluços e internações. Outros políticos notórios, como o ex-presidente Fernando Collor e o ex-deputado Roberto Jefferson, conseguiram de Alexandre de Moraes autorização para cumprir pena em casa. (Marcelo Ribeiro)
10h35 — Moraes lê argumentos da defesa de Jair Bolsonaro
Principal narrativa envolve “cerceamento da liberdade de defesa” do ex-presidente e invalidade jurídica da delação de Mauro Cid — segundo advogados, PGR reconhece que o ex-ajudante de ordens mudou versões no decorrer do processo. Defesa também alega que declarações de Bolsonaro em 7 de setembro e durante reunião com embaixadores internacionais, em 2022, já foram condenadas na Justiça Eleitoral e não deveriam ser consideradas no julgamento atual.
10h30 — Defesa de Augusto Heleno diz que general não era conselheiro de Jair Bolsonaro
Em relatório apresentado por Moraes, advogados do ex-chefe do GSI afirmam que “caderneta do golpe” apreendida com o réu continha anotações pessoais e nunca compartilhadas “com ninguém”.
10h21 — Defesa de Torres citou Meta e Google em argumentos enviados ao STF
Segundo o relatório lido por Moraes, advogados do ex-ministro da Justiça acusam a Justiça de limitar seu direito à defesa e desconsiderar argumentos técnicos envolvendo a “minuta do golpe” e conversas de WhatsApp.
10h15 — Moraes lê argumentos enviados pelas defesas dos réus
Advogados de Alexandre Ramagem afirmam que deputado já havia deixado o comando da Abin em 8 de janeiro de 2023; defensores de Almir Garnier negam ligação do almirante aos atentados em Brasília e pedem invalidade da delação de Mauro Cid.
9h57 — PGR indica 7 de setembro de 2021 como data inicial da trama golpista
Durante manifestação na Avenida Paulista, Bolsonaro “incitou publicamente a animosidade contra o Poder Judiciário e seus integrantes” e “questionou a integridade das urnas eletrônicas com o intuito criminoso de intensificar a reação popular negativa em face da Justiça Eleitoral”, segundo relatório de Moraes.
9h49 — Alexandre de Moraes cita inquérito contra Marcelo Câmara por violar sigilo da delação de Mauro Cid
Réu em outro núcleo da trama golpista, coronel do “gabinete do ódio” e seu advogado de defesa, Eduardo Kuntz, mantiveram diálogos com o ex-assessor de Bolsonaro durante as investigações por meio de um perfil no Instagram.
9h46 — Moraes cita medidas cautelares contra Bolsonaro e investigação de Eduardo por coação
Segundo ministro, inquérito foi instaurado a pedido da PGR para apurar “coações e tentativa de obstrução da Justiça”. Também por solicitação de Gonet, Moraes impôs uso de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente.
9h40 — Mesmo autorizado a usar farda, general Paulo Sérgio Nogueira está no plenário de terno civil
A autorização de Moraes contrasta com postura anterior do próprio ministro, que na fase de interrogatórios havia negado a possibilidade de uso de vestimenta militar por considerar que pessoas específicas, e não as Forças Armadas como instituição, estavam no banco dos réus. (Laryssa Borges)
9h30 — Defesas devem tentar desvincular réus do 8 de janeiro de 2023
Os dois maiores crimes da trama – golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito – exigem ações de “violência ou grave ameaça” para serem caracterizados como tal. Na avaliação das defesas, é por isso que o procurador-geral Paulo Gonet vinculou todos os oito réus ao quebra-quebra daquele dia. Sem atos de violência concretos, a lei não permite que ninguém seja condenado nem por golpe nem por tentativa de abolição do Estado Democrático. (Laryssa Borges)
9h20 — STF já condenou 683 envolvidos nos atentados de 8 de janeiro de 2023, diz Moraes
Segundo o ministro, PGR enviou 1.630 ações penais ao Supremo, resultando em 11 absolvições e 554 acordos de não-persecução penal; há 382 ações ainda em julgamento.
9h15 — Moraes: ‘Brasil chega em 2025 com democracia forte, instituições independentes e economia em crescimento’
Relator do caso no STF, apresentará o relatório do caso contra Jair Bolsonaro e sete réus no STF.
9h10 — Começa o julgamento de oito réus por tentativa de golpe de Estado
Sessão é aberta por Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF.
9h — ‘Julgamento acontece em clima de tranquilidade no nosso país e nas instituições’, diz Lindbergh Farias (PT-RJ)
Líder do governo na Câmara e aliados chegam ao STF para acompanhar sessão in loco no plenário. Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) também estão no Supremo nesta manhã.
8h57 — Advogado de Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, chega ao Supremo
Demóstenes Torres diz que espera apresentar a defesa do almirante ainda nesta tarde; ele é acusado de incitar tropas a aderir ao movimento golpista dentro das Forças Armadas. (Laryssa Borges)
8h53 — Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, chega ao STF
Até o momento, general é o único réu presente no julgamento na manhã desta terça. Advogados de Bolsonaro confirmaram que ex-presidente acompanhará a sessão de casa. (Laryssa Borges)
8h48 — Deputados bolsonaristas se reúnem na casa de Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara
Parlamentares devem fazer “cobertura paralela” do julgamento e alinhar estratégia de comunicação da direita contra a condenação de Jair Bolsonaro. (Nicholas Shores e Marcelo Ribeiro).
8h25 — Advogados de Bolsonaro chegam ao STF para acompanhar o julgamento
Em conversa com repórteres, Celso Vilardi diz que ex-presidente está em casa e não sabe se ele pedirá autorização para comparecer presencialmente nos próximos dias, citando motivos de saúde. Paulo Cunha Bueno, outro advogado de Bolsonaro, chegou minutos depois. (Laryssa Borges)
RADAR — Tudo o que você precisa saber sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no STF
Sessões devem durar até 12 de setembro; réus enfrentam penas acima de 40 anos de prisão.
MAQUIAVEL — A reação de Flávio Bolsonaro ao aperto do cerco policial na casa do pai
Senador chama de “ilegal e paranoica” a ordem de Moraes à PF para ampliar o monitoramento na vizinhança de Jair Bolsonaro.
BRASIL — As estratégias das defesas de Bolsonaro e aliados, em situação cada vez mais complicada
Advogados amargam sucessivas derrotas no caso do golpe e tentam até a última hora evitar as condenações, dadas como quase certas.
POLÍTICA — Os bastidores no STF às vésperas do julgamento histórico de Bolsonaro
Sessões das duas próximas semanas podem terminar com a condenação do ex-presidente à prisão por conspirar contra a democracia.