Após encontro de Lula com Raoni, governo prepara ofensiva no Xingu
Operação anunciada nesta quarta visa retirar invasores de terras e garimpeiros ilegais da Terra Indígena Kayapó

O governo federal anunciou nesta quarta-feira, 30, que, a partir de sexta, 2, começará uma operação de desintrusão na Terra Indígena Kayapó, que fica no Xingu, no Pará, para retirar invasores das terras indígenas e unidades de garimpo ilegal. A movimentação acontece semanas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrar com o cacique Raoni Metuktire, uma das mais importantes lideranças indígenas e que pertence à etinia caiapó.
Segundo o governo, a operação que começa nesta sexta foi organizada em obediência a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), vinda de uma ADPF (ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental) proposta pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) em julho de 2020, ainda na pandemia, para cobrar do governo federal medidas pela preservação da saúde dos indígenas.
A ordem para que o governo montasse um plano de desintrusão do garimpo ilegal é de novembro de 2023. Na época, STF deu noventa dias para o plano ser organizado e doze meses para ser cumprido. Está prevista a participação de vinte órgãos do governo na operação de desintrução — Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Funai, Ibama, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional e Abin.
O encontro de Lula com o cacique Raoni foi no dia 4 de abril. Na ocasião, ele cobrou o petista para que impeça a exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas, na altura do estado do Amapá. As perfurações só não começaram porque o Ibama não concedeu as licenças solicitadas pela Petrobras, um motivo de impasse e desgaste no governo. Lula disse em várias ocasiões que é a favor da exploração. A autarquia do Ibama está sob a guarda do Ministério do Meio Ambiente, de Marina Silva, que deixou o governo Lula II por divergências em questões ambientais.
A Terra Indígena Kayapó tem 3,2 milhões de hectares, dos quais 274 foram destruídos por garimpos ilegais. Ela abriga 6.365 indígenas dos povos Mebengôkre (Gorotire, Kôkraimôrô e Kuben Kran Krên) e se espalha pelos estados do Mato Grosso e do Pará.