Indiciado no relatório da Polícia Federal na investigação que apura o caso das joias sauditas, o aliado e advogado de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, disse nesta quinta, 4, que a compra do relógio da marca Rolex cravejado de diamantes não foi feita nem a pedido do ex-presidente e nem do ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid. Em novembro do ano passado, quando depôs à PF, o advogado teria dito que o gesto foi a pedido de Fábio Wajngarten, também advogado e hoje assessor pessoal de Bolsonaro.
Os quatro estão no rol de onze pessoas que foram indiciadas pela PF nesta quinta pelo caso das joias sauditas. O relatório de indiciamento marca o fim da etapa de investigação e mostra quais foram as conclusões da corporação sobre os crimes praticados no caso. Para a PF, Bolsonaro e seu entorno cometeram os crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A corporação investigou um suposto esquema, de alcance internacional, de venda de joias e bens de alto valor que o ex-presidente ganhou durante agendas oficiais — e que seriam, em tese, bens do governo.
Na nota divulgada nesta quinta, Wassef voltou a afirmar que a compra do Rolex (que seria um dos presentes que Bolsonaro recebeu do governo da Arábia Saudita) foi feita com seus próprios recursos, com o objetivo de devolver o objeto ao erário brasileiro. “Eu estava em viagem nos Estados Unidos por quase um mês e apenas pratiquei um único ato, que foi a compra do Rolex com meus próprios recursos, para devolver ao governo federal. Entreguei espontaneamente à Polícia Federal todos os documentos que provam isto”, disse o advogado.
Ele creditou o indiciamento desta quinta a uma perseguição política provocada pela sua aliança com o ex-presidente e afirmou que ainda não teve acesso à íntegra da investigação, queixa compartilhada pelas bancas de defesa dos demais investigados. “Estou passando por tudo isto apenas por exercer advocacia em defesa de Jair Bolsonaro”, diz Wassef.
O caso será agora avaliado pela Procuradoria-geral da República (PGR), que pode tanto ofertar denúncia quanto pedir à PF que faça novas diligências — passo que depende do aval do relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Leia a íntegra da nota de Wassef:
Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho a público reafirmar que não foi Jair Bolsonaro e nem o Coronel Cid quem me pediram para comprar o Rolex. Eu estava em viagem nos Estados Unidos por quase um mês e apenas pratiquei um único ato, que foi a compra do Rolex com meus próprios recursos, para devolver ao governo federal. Entreguei espontaneamente à Polícia Federal todos os documentos que provam isto. Nem eu e nem os demais advogados do ex-presidente tivemos acesso ao relatório final, o que choca a todos, o vazamento à imprensa de peças processuais que estão em segredo de justiça. Estou passando por tudo isto apenas por exercer advocacia em defesa de Jair Bolsonaro.