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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Após viver inferno político, Aécio já ensaia a volta ao Senado por Minas

Respaldado por pesquisas que colocam seu nome à frente na corrida pelo Senado, tucano admite possibilidade de concorrer ao cargo que ocupou por oito anos

Por Da Redação
9 jun 2022, 18h56

O deputado federal Aécio Neves (PSDB) admite publicamente que sonha em voltar ao Senado como representante de Minas Gerais, posto que ocupava quando viveu o seu auge político. Oito anos depois de ficar a 3,5 milhões de votos de se tornar o presidente da República, ele bateu no fundo do poço com denúncias de corrupção e perda de protagonismo em seu estado, mas agora ensaia uma volta por cima.

“Sou hoje candidato a deputado federal (…). Mas eu tenho o dever de observar a evolução do quadro, de ouvir os meus companheiros de todo o estado para que eu possa tomar, talvez no mês de junho, uma decisão definitiva [sobre qual cargo concorrer]”, disse ele ao jornal O Tempo,  de Belo Horizonte, em entrevista nesta quinta-feira, 9.

A ambição encontra respaldo nos números recentes de uma pesquisa eleitoral divulgada pelo DataTempo, instituto que pertence ao mesmo portal. Nela, Aécio tem 24,8% das intenções de voto no cenário estimulado, contra 11,6% do Cleitinho Azevedo (PSC); 5,7% de Sara Azevedo (PSOL); 4,8% de Marcelo Álvaro Antônio (PL); 4,2% de Alexandre Silveira (PSD); e 1,8% de Marcelo Aro (PP). Os dados foram coletados de 27 de maio a 1º de junho, e o levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número MG-05705/2022.

A liderança do tucano na disputa pela vaga ao Senado também já havia sido indicada por pesquisas feitas em maio pelos institutos Paraná Pesquisas e Real Time Big Data.

Caso o desejo se confirme, seria uma retomada dos bons tempos políticos depois de anos difíceis. Aécio vivia um crescimento notório desde que ingressou na política, em 1987, até meados da década passada. Ele foi deputado federal até 2002, quando foi eleito governador de Minas — e reeleito para um segundo mandato, em 2006. Nesse período, foi a principal liderança política de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país.

Em 2010, concorreu ao Senado e venceu mais uma vez, cumprindo seu mandato até 2019. Nesse meio tempo, pleiteou o Palácio do Planalto em 2014 e quase teve sucesso. Recebeu quase 35 milhões de votos no primeiro turno, e 51 milhões no segundo — não foi o suficiente para derrotar Dilma Rousseff, reeleita com 51,6% dos votos nas eleições mais acirradas desde a redemocratização.

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“Eu saio do Congresso todo dia à noitinha e as vezes eu passo ali em frente à rampa (do Palácio do Planalto) e eu falo:’ chegamos perto’. Eu fiz o que eu podia fazer e eu lamento, claro, pessoalmente, mas eu lamento muito pelo país. Nós iríamos ter feito o maior governo da história deste país. Não pelas minhas virtudes, mas pela compreensão que eu tinha do que precisava ser feito”, declarou o parlamentar na mesma entrevista ao O Tempo.

A decadência começou após o revés na eleição presidencial. Neves digeriu mal a derrota, questionou o resultado das urnas e, dois anos depois, trabalhou intensamente pelo impeachment de Dilma. Em 2017, perdeu o posto de presidente nacional do PSDB após a primeira delação da Operação Lava-Jato que envolveu seu nome, feita por Carlos Alexandre de Souza Rocha, funcionário do doleiro Alberto Youssef.

A partir dali, também foi citado em delações premiadas do ex-senador Delcídio do Amaral e dos empresários Joesley e Wesley Batista, empresários da JBS. Ele ainda foi acusado por um executivo da Odebrecht de comandar um esquema de propina enquanto era governador. Sua irmã, Andrea Neves, chegou a ser presa pela Polícia Federal em maio de 2017 por suspeita de pedir dinheiro a Joesley em nome de Aécio. No mesmo dia, o ministro do STF Edson Fachin ordenou que o senador fosse afastado de seu cargo.

Com base nas delações, Aécio Neves foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva e obstrução de Justiça. Em outubro de 2017, no entanto, o plenário do Senado derrubou a decisão do STF de afastar o senador, por 44 votos a 26.

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Para não correr o risco de perder o foro privilegiado, Aécio se candidatou a deputado federal em 2018, quando foi eleito com 106 mil votos. Cumpriu o mandato de forma discreta, ainda sob o peso de acusações do Ministério Público. Em março deste ano, foi absolvido pela Justiça de São Paulo da acusação de ter recebido 2 milhões de reais em propina da JBS.

No período de baixa, Aécio perdeu a relevância política que tinha em Minas Gerais. Seu protagonismo — e o do PSDB, por consequência — foi tomado por Romeu Zema (Novo), eleito governador em 2018, e Alexandre Kalil (PSD), que venceu as eleições municipais de Belo Horizonte em 2016 e 2020. Zema e Kalil despontam, hoje, como os principais candidatos ao governo mineiro.

Recentemente, Aécio retomou certo protagonismo ao ser uma das vozes mais enfáticas contra a candidatura nacional do correligionário João Doria nas reuniões realizadas pelo PSDB, em meio à crise da definição da chapa da terceira via. Ele também defendeu uma chapa pura do PSDB ao Planalto, algo que no momento parece difícil de ser cumprido com a indicação de Tasso Jereissati à posição de vice de Simone Tebet (MDB). Mas, ao que tudo indica, o mineiro não deixou de sonhar alto.

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