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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
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As cinco bombas que Fábio Faria enfrentará no Ministério das Comunicações

Além de melhorar imagem do governo, chefe da nova pasta terá influência sobre os Correios e precisará dialogar com a ala ideológica do bolsonarismo

Por Redação
Atualizado em 12 jun 2020, 11h47 - Publicado em 12 jun 2020, 11h32
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  • Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para chefiar o novo Ministério das Comunicações, Fábio Faria (PSD) terá ao menos cinco tarefas urgentes e de elevada complexidade para resolver em Brasília. A pasta contará com orçamento superior a 2 bilhões de reais e ficará encarregada de questões como o aprimoramento da interlocução do governo com a sociedade, a administração dos Correios e a supervisão do leilão da tecnologia 5G de internet. Faria também precisará lidar com a ala ideológica do bolsonarismo, que enxerga a comunicação institucional como um ativo precioso, e com as turbulentas relações entre o presidente e o Congresso.

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    Interlocução do governo: Genro do apresentador Silvio Santos, dono do canal SBT, Fábio Faria foi convidado para o ministério após uma conversa em que Bolsonaro se queixou das falhas na sua estratégia de comunicação. Com a criação do 23º ministério do governo, o presidente extinguiu sua Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) e transformou o ex-chefe da pasta, Fabio Wajngarten, no número dois de Faria. Wajngarten tem uma postura combativa em relação à imprensa e radicalizou as críticas após a Polícia Federal ter aberto um inquérito para investigar se ele cometeu crimes de corrupção e peculato no exercício do cargo. Faria, por sua vez, é visto como um político aberto ao diálogo com os executivos do setor das comunicações. Aparar as arestas com a Rede Globo, o maior conglomerado de mídia do país, deverá ser uma de suas prioridades. Bolsonaro enxerga a emissora como a maior inimiga de seu governo e ameaçou não renovar as concessões para manter sua operação. A relação do novo ministro com Silvio Santos também merecerá um olhar cuidadoso, já que Faria será o responsável pelo direcionamento de parte da verba de publicidade oficial.

    Estatais: Faria herdará a administração de estatais que parecem já não figurar mais nos planos de privatização do governo. Entre elas, os Correios são o principal equipamento nas mãos do novo ministro. Em 2019, VEJA revelou um estudo preliminar do secretário de Desestatização, Salim Matar, que alertava para a contagem regressiva relacionada à venda da estatal. Em função do crescimento de empresas privadas de entrega, os Correios só iriam gerar lucro ao governo se fossem privatizados num prazo de cinco anos. Agora, a estatal está sob o arco de influência de Gilberto Kassab, ex-ministro das Comunicações e presidente do partido ao qual Faria pertence. Escolher a presidência para gerir o milionário orçamento da estatal é um artigo de luxo, principalmente no momento em que Bolsonaro negocia cargos com as siglas do Centrão. Outra estatal no guarda-chuva de Faria é a EBC, que entrou só neste ano na lista de ativos que o governo deseja privatizar. Mas, por enquanto, tudo não passa de mera intenção.

    Leilão do 5G: Um dos primeiros embates de Faria com a ala ideológica do governo se concentrará no leilão da tecnologia 5G de internet. O edital deverá ser lançado em 2021 e será cercado de polêmicas, já que os seguidores do guru bolsonarista Olavo de Carvalho defendem que a empresa chinesa Huawei seja impedida de participar. No ano passado, o chanceler Ernesto Araújo disse a VEJA que a restrição às operações da Huawei no Brasil estava sob avaliação. Os Estados Unidos têm pressionado o governo brasileiro a impedir os chineses de operarem a tecnologia, mas manter laços com a empresa é uma decisão estratégica para o Brasil. Além de já testar a tecnologia 5G em Florianópolis, a Huawei fabricou cerca de 70 mil antenas de rádio em operação no país. Há, no total, 86 mil dessas antenas no território nacional, responsáveis por transmitir os sinais de todo o tipo de aparelho que usa rede móvel.

    Gabinete do Ódio Faria chega ao governo num momento de estremecimento na relação entre Olavo de Carvalho e Bolsonaro. O polemista divulgou um vídeo criticando o fato de o presidente não ter atuado para protegê-lo de supostos ataques. Olavo foi condenado a pagar 2,8 milhões de reais ao cantor Caetano Veloso por tê-lo chamado de pedófilo. Na quinta-feira, 11, o escritor voltou os canhões contra o general Augusto Heleno, que chefia o Gabinete de Segurança Institucional e é um dos conselheiros mais próximos do presidente. O setor de comunicações também é vital para manter em funcionamento a máquina de propaganda simpática ao bolsonarismo. Há investigações em curso para apurar se blogs e sites disseminadores de notícias falsas receberam dinheiro público. O jornal O Globo revelou recentemente que estatais como a Petrobras e a Eletrobras veicularam anúncios em portais que defendem até uma intervenção militar. O gabinete do ódio, onde estão alocados no Palácio do Planalto os funcionários públicos que administram perfis em redes sociais ligados ao governo, responde informalmente ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o filho Zero Dois do presidente. Tão logo foi anunciado como ministro, Faria teve uma mostra do poder da ala ideológica e se tornou alvo de ataques em função de postagens antigas em que defendia o voto nos petistas Lula e Dilma Rousseff.

    Relação com o Congresso: Faria, no entanto, é conhecido por ter um perfil conciliador. O seu primeiro ato como ministro foi telefonar para Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, e para Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, para informá-los sobre a novidade. Maia é amigo de Faria e comemorou a indicação do deputado para o posto. A aposta é de que o novo ministro conseguirá aproximar o governo da bancada de deputados que é próxima ao presidente da Casa e não está diretamente ligada à parcela do Centrão que negocia cargos com Bolsonaro. Além de garantir governabilidade necessária para aprovar as propostas no Legislativo, o presidente tem se empenhado em conquistar aliados para impedir que prosperem no Congresso eventuais processos de impeachment ou de afastamento decorrentes de investigações que correm no Supremo Tribunal Federal.

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