As novas revelações sobre homem que esquartejou namorada no RS
Polícia gaúcha diz que ele guardou corpo em geladeira antes de espalhar partes por Porto Alegre, enquanto se passava pela vítima no WhatsApp

O homem que matou a própria namorada, a esquartejou e espalhou as partes do seu corpo pela cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, entre o meio de agosto e o início de setembro, guardou o corpo dela em uma geladeira dentro de casa enquanto se planejava e se passava por ela no WhatsApp. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa da Polícia Civil na manhã desta terça-feira, 16.
O publicitário Ricardo Jardim, 66, que está preso desde o dia 4 de setembro, teria matado a manicure Brasília Costa, 64, conhecida como Bia, no dia 8 de agosto e, até fazer o descarte das primeiras partes de seus braços e pernas, no dia 13, ficou vivendo normalmente pela vizinhança. Ele aproveitou o período para comprar serra, lona, fita, luvas e uma mala.
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A polícia obteve diversas imagens de câmeras de segurança que comprovam as ações dele e seu comportamento psicológico, com aparência tranquila e natural.
Durante o período em que a vítima ficou desaparecida, ele se passava por ela em mensagens no WhatsApp e chegou a defender a si mesmo em uma conversa com um amigo, quando o caso veio à tona. “A imprensa exagera”, disse ele ao interlocutor amigo da vítima.
Ao verificar o computador e o celular dele, a polícia também descobriu que ele mantinha vários perfis fakes nas redes sociais — criados em janeiro de 2024 –, com os quais atraia mulheres e fazia amizade com elas. Em todos os perfis, independente de se passar por um homem ou uma mulher, ele dizia ser “um jovem publicitário”.
Além disso, foi verificado que o criminoso fazia muitas pesquisas na internet e acompanhava tudo o que saía na imprensa sobre o seu caso e as investigações. Uma das pesquisas mais frequentes era sobre ‘cabeças’ — até o momento, a cabeça da vítima ainda não foi encontrada.
A demora para ele se livrar das partes do corpo (no dia 13 de agosto foram pedaços dos braços e das pernas em sacolas plásticas deixadas na rua; no dia 20 de agosto, o tronco foi deixado em uma mala na rodoviária de Porto Alegre; no dia 2 de setembro, ele jogou partes das pernas e dos pés em um lago), inclusive, levaram a tempos diferentes de decomposição, apesar do acondicionamento e resfriamento.
A geladeira em que ele guardava as partes do corpo da vítima foi deixada dentro do quarto dela, na pousada em que moravam.
A principal hipótese da polícia atualmente é a de que o criminoso tenha matado a vítima primeiro, resfriado seu corpo e, só depois, cortado seu corpo em pedaços. Os cortes foram feitos com certo conhecimento e usando uma serra capaz de fazer incisões apenas em um único sentido.
Em depoimento à polícia, no entanto, Ricardo Jardim negou que tenha matado Brasília Costa e confessou apenas que espalhou as partes do seu corpo pela cidade.
A polícia entendeu que o criminoso agiu sozinho e que, provavelmente, não matou outras pessoas além da namorada.
Foragido e criminoso em série
Em entrevista para VEJA, o delegado Mário Souza, responsável pela investigação do caso, afirmou que Ricardo Jardim é, para a Polícia Civil, um assassino em série que só não cometeu outros crimes porque não teve tempo hábil para isso.
O delegado também classificou o assassinato e esquartejamento de Brasília Costa como um crime feito em formato de peça publicitária, em atos, para chamar a atenção da imprensa e tentar controlar a atuação das autoridades.
O perfil dele é narrado pelas autoridades como de uma pessoa articulada, ardilosa, comunicativa e com recursos financeiros suficientes para enganar suas vítimas.
Após ter sido identificado, a polícia percebeu que Ricardo Jardim estava foragido da prisão por um crime que cometeu em 2015: ele foi condenado a 28 anos de prisão por matar e emparedar a própria mãe.
“Quando o identificamos, também percebemos que ele era um homem com origem em uma família de classe elevada da capital e que havia, em 2015, assassinado e concretado a própria mãe”, lembrou o delegado Mário Souza. “Ele emparedou a mãe dentro de um armário e botou xícaras de café nesse armário, que era usado como enfeite na casa em 2015”, disse.
Relembre o caso
A polícia de Porto Alegre começou a encontrar partes de um corpo espalhados pela cidade e passou a investigar o caso. Inicialmente, acreditava-se se tratar de um crime cometido entre facções, no entanto, com o desenrolar das investigações, as autoridades perceberam que se tratava de um crime passional e com características psicológicas específicas.
Ricardo Jardim só foi identificado após fazer o segundo descarte, quando colocou o tronco da namorada dentro de uma mala, a endereçou a outra pessoa e colocou no guarda-volumes da rodoviária de Porto Alegre. Para a polícia, ele escolheu o local por se tratar de uma região muito movimentada do estado e, partir desse momento, ficou acompanhando a repercussão que poderia obter na imprensa e nas redes sociais.
Ele usou luvas, boné, óculos escuros e máscara cirúrgica para ir à rodoviária, mas foi identificado por uma câmera de segurança a quatro quilômetros dali, ao retirar a máscara em um supermercado.