As críticas de uma assessora especial do Ministério da Igualdade Racial à torcida do São Paulo Futebol Clube têm mobilizado a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) anunciou ter protocolado uma notícia-crime por racismo e xenofobia contra Marcelle Decothé, auxiliar da ministra Anielle Franco, após postagens nas redes sociais — ela foi exonerada do cargo na tarde desta terça-feira, 26.
Na ocasião, Marcelle acompanhava a ministra em agenda oficial da pasta na final da Copa do Brasil, no estádio do Morumbi, em que o São Paulo enfrentou o Flamengo. “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade” (…). “Pior de tudo, pauliste”, publicou a assessora, que se declara flamenguista, utilizando uma linguagem neutra para gênero. Em outra publicação, a auxiliar aparece chegando ao estádio em um veículo da Polícia Federal. “Morte terrível”, descreveu. O ministério anunciou que irá investigar a conduta de Marcelle.
De acordo com Bilynskyj, foram apresentadas denúncias no Ministério Público Estadual (MP-SP) e na Polícia Civil de São Paulo. “A Marcelle Silva, assessora da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Ela veio de jatinho da FAB para São Paulo e a assessora dela durante o jogo postou nas redes sociais comentários racistas e xenofóbicos”, publicou o parlamentar. Recentemente, Paulo Bilynskyj se envolveu em polêmica ao homenagear, em discurso na Câmara dos Deputados, a participação de seu avô como voluntário da Waffen-SS, exército pessoal de Adolf Hitler, na Segunda Guerra Mundial. A fala foi repudiada pelo Instituto Brasil-Israel.
Além do parlamentar do PL, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) também anunciou ter protocolado uma representação no Ministério Público de São Paulo contra a assessora de Anielle Franco.
As publicações da auxiliar foram criticadas até mesmo por integrantes da cúpula petista. Alberto Cantalice, membro do diretório nacional do PT e diretor da Fundação Perseu Abramo, classificou o ato como “idiotice”. “Mesmo em um governo de Frente Democrática com várias forças diversas esse tipo de idiotice não cabe. Isso atrapalha o trabalho da ministra”, publicou. “Não é aceitável o racismo contra qualquer tipo de gente. Mesmo sendo o ‘branco opressor’. Nossa luta é muito mais ampla. Esse ‘progressismo’ conversa fiada só atrapalha!”, afirmou o dirigente.
Combate ao racismo
No último domingo, 24, a ministra Anielle Franco e sua comitiva participaram da final da Copa do Brasil, no Morumbi, em São Paulo, para assinar um protocolo de intenções voltado a uma agenda de promoção da igualdade racial e do combate ao racismo nos esportes. O documento foi assinado com o Ministério dos Esportes e com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).