Em reunião realizada ontem, quinta-feira, 21, no PL, Jair Bolsonaro finalmente decidiu que irá apoiar o nome de Ricardo Nunes à prefeitura de São Paulo. O endosso que parecia natural desde o início da campanha acabou se transformando numa novela nos últimos meses. O ex-presidente e seus aliados mais próximos reclamavam da falta de gestos mais explícitos de Nunes ao bolsonarismo. Segundo eles, o chefe do executivo municipal queria os votos bolsonaristas, mas sem abraçar publicamente as causas mais caras a essa corrente política. A tensão nos bastidores começou a ser amenizada na quarta, 20, quando o prefeito que concorre à reeleição divulgou vídeo declarando que o apoio do ex-presidente era fundamental à sua tentativa de se manter no comando da cidade de São Paulo.
A decisão do PL também acaba de vez com os rumores de que Bolsonaro poderia ficar neutro na eleição paulistana ou, pior, apoiar Ricardo Salles, que tenta se lançar na corrida como representante do bolsonarismo-raiz. O ex-ministro do Meio-Ambiente, que se elegeu deputado federal pelo PL, está em busca de uma legenda para concorrer em 2024 e tinha a promessa de que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de que seria liberado da sigla para encontrar um novo partido a tempo.
Na reunião realizada ontem, porém, ficou claro que Salles não receberá mais esse sinal verde do PL — ou seja, a tendência é a de que ficará preso ao partido, o que pode sepultar sua pretensão de concorrer à prefeitura de São Paulo. A VEJA, Salles disse que não tem como concorrer com outro candidato apoiado por Bolsonaro. “Uma coisa é ele ficar neutro, outra coisa é ele apoiar o Nunes. Não posso concorrer em outro partido se o Bolsonaro decidir apoiar o Nunes. Se isso realmente acontecer, fica ruim pra mim”, afirmou. O ex-ministro tentará conversar com o ex-presidente e Valdemar após as festas de fim de ano, mas já adiantou que, caso não ocorra nenhuma alteração no quadro, vai desistir da candidatura. “Não vou contra Bolsonaro de jeito nenhum”, disse.
O apoio de Bolsonaro a Nunes é peça importante na corrida que tem hoje Guilherme Boulos, do PSOL, na liderança, segundo as pesquisas. Em contrapartida ao endosso do ex-presidente, ficou acertado que o PL indicará o vice da chapa. Uma das possibilidades mais comentadas no momento é a de Sonaira Fernandes, atual secretária de Políticas para a Mulher do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos).