Bolsonaro só não demitiu Mandetta ainda porque não encontrou um substituto
Presidente já decidiu exonerar o ministro da Saúde, mas tem encontrado dificuldades para achar alguém de peso para comandar a pasta
O presidente Jair Bolsonaro já decidiu demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, com quem vem se desentendendo abertamente nos últimos dias em relação às estratégias de combate ao coronavírus, mas o ato só não foi consumado ainda porque o governo não encontrou um nome de peso para o cargo.
Entre os possíveis candidatos à vaga que circularam nos bastidores políticos nas últimas horas, o médico Claudio Lottenberg já foi descartado por ser próximo demais aos tucanos de São Paulo – leia-se o governador João Doria, hoje um dos principais desafetos de Bolsonaro. Presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein, Lottenberg, segundo a coluna Radar, havia sido sugerido ao presidente como opção para Mandetta por um grupo influente de empresários bolsonaristas.
Também está fora do páreo o nome da médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, que esteve reunida recentemente com Bolsonaro e que compartilha com o presidente do entusiasmo pelo uso da cloroquina no tratamento do coronavírus, Seu nome foi considerado de pouco peso entre a comunidade médica – esse é um dos requisitos estabelecidos pelo governo para definir o substituto de Mandetta.
Outra concorrente fora do párea é a médica Ludhmila Abrahão Hajjar, professora da Universidade de São Paulo (USP) e diretora de ciência e tecnologia da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Circularam dentro do governo informações consideradas negativas na carreira dela. No domingo 12, Ludhmila deu uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo fazendo restrições ao uso da cloroquina no tratamento do coronavírus.
Até por conta da redução do leque de opções à disposição do governo, ainda continua sendo levado em conta o nome do ex-ministro da Cidadania, Osmar Terra, que tem sido um militante ativo nas redes sociais contra a adoção da política de isolamento social como ferramenta primordial na detenção do avanço do coronavírus. Embora suas teses sejam contestadas pela maioria das autoridades de saúde, ele é um aliado político de Bolsonaro e tem experiência no combate de epidemias – era secretário de Saúde do Rio Grande do Sul durante o pico de contaminação pelo H1N1 no país.