Caso Vitória: MP denuncia suspeito, mas pede investigação sobre cúmplice
DNA encontrado no carro levanta dúvidas se Maicol Sales teve ajuda para ocultar o corpo da adolescente

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou Maicol Sales dos Santos, de 26 anos, à Justiça pelo assassinato da adolescente Vitória Regina de Souza, de 17 anos, em fevereiro. A acusação contra ele foi formalizada nesta terça-feira, 29.
Segundo a Promotoria, Maicol foi denunciado pelos crimes de sequestro qualificado, feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. O jovem está preso desde 8 de março, dias após o corpo de Vitória ter sido encontrado em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo. Ele confessou o crime pouco mais de uma semana depois de ser detido — seus advogados de defesa, contudo, ainda questionam a legalidade da confissão e afirmam que ela teria ocorrido sob pressão psicológica da polícia.
Além de apresentar a denúncia, o MPSP pediu a abertura de um novo inquérito para apurar se o suspeito contou com a ajuda de um cúmplice para ocultar o corpo da adolescente — hipótese que a Polícia Civil havia inicialmente descartado, mas que voltou à mesa após o laudo pericial detectar, na porta do carro usado no crime, amostras de DNA incompatíveis com Maicol e Vitória.
“Nós temos uma amostra de perfil genético colhida do carro do suspeito e, caso outras provas surjam, esse conjunto probatório poderá nos levar à identificação desse copartícipe”, declarou o delegado Fabio Cenachi, titular de Cajamar. O delegado Luiz Carlos do Carmo, chefe do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), disse que “a persecução penal continua e a polícia ainda tem muito trabalho a fazer”.
Relembre o crime
Vitória Regina de Souza foi sequestrada e morta na madrugada de 27 de fevereiro perto do bairro Ponunduva, em Cajamar, onde morava com a família. Ela estava voltando do shopping onde trabalhava em Polvilho, distrito do município metropolitano. O corpo foi encontrado em 5 de março, em estágio avançado de decomposição e apresentando marcas de facadas, em uma área de matagal próxima ao local onde foi raptada.
De acordo com a polícia, Maicol era vizinho de Vitória e havia desenvolvido uma “obsessão” com a adolescente, praticando stalking (crime de perseguição) contra ela na internet — a perícia encontrou fotos de Vitória e de outras jovens em seu celular e comprovou que ele havia visualizado publicações recentes da vítima nas redes sociais.
Segundo as autoridades, ao perceber que Vitória estava no caminho do trabalho para casa, Maicol dirigiu seu carro até as proximidades do ponto de ônibus onde sabia que ela desceria e ofereceu uma carona. A investigação concluiu que ele tentou estuprar a garota no carro, mas ela resistiu e ele a matou com facadas. Após o assassinato, ele teria buscado ferramentas em sua própria residência para enterrar o corpo no matagal, depois feito uma faxina no veículo e em casa para ocultar os vestígios de sangue.