CCJ da Câmara rejeita recurso de Glauber e cassação irá a plenário
Após greve de fome, deputado do PSOL recorreu à comissão para reverter veredicto da Comissão de Ética, mas não teve sucesso

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados negou o recurso de Glauber Braga (PSOL-RJ) contra a sua cassação, que foi aprovada no Conselho de Ética da Casa. Com a decisão, o caso irá para deliberação do plenário. O placar fechou com ampla desvantagem para Glauber: 44 deputados concordaram em manter a sua cassação, contra 22 que votaram para revertê-la.
A maioria da CCJ acompanhou o relatório feito por Alex Manente (Cidadania-SP), que votou para conhecer do recurso de Glauber e rejeitá-lo no seu mérito. Na prática, significa que ele entendeu que o recurso tinha todos os requisitos para ser analisado, mas não tinha razão. O PL de Jair Bolsonaro tem maioria na CCJ e votou em massa contra o deputado do PSOL.
No começo de abril, o Conselho de Ética da Câmara aprovou a cassação de Glauber por conta de uma discussão com um membro do Movimento Brasil Livre (MBL) durante uma sessão da Casa. O colegiado concluiu que o deputado agrediu fisicamente o manifestante — porém, a punição é inédita. O Conselho tem histórico de cassar mandatos apenas em casos extremos.
Para comparação , os últimos parlamentares cassados foram Daniel Silveira, que foi condenado criminalmente, e Chiquinho Brazão, que responde pelo assassinado da vereadora Marielle Franco em 2018. Deputados do PSOL afirmam que a cassação de Glauber teria a interferência do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), incomodado com as declarações do deputado sobre o orçamento secreto.
Em protesto contra a decisão do Conselho de Ética, Glauber fez uma greve de fome de mais de uma semana na Câmara, que se encerrou no último dia 17, antes do feriado prolongado da Páscoa. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), prometeu não pautar a cassação no plenário por pelo menos sessenta dias, tempo durante o qual Glauber poderá se articular dentro da Casa.