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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Chapa de centro enfrenta dificuldades até para lançar plataforma política

Grupo que articula uma candidatura para 2022 havia pedido para o MBL elaborar um canal online para debater propostas, mas o movimento desistiu da empreitada

Por Edoardo Ghirotto
11 Maio 2021, 16h37

Em um passo adiante no projeto da construção de uma candidatura de centro na eleição de 2022 , os presidenciáveis que fazem parte desse grupo vinham trabalhando no lançamento de um site que apresentaria propostas para o país e sediaria lives e debates para mantê-los em evidência. A idealização do projeto estava a cargo de representantes do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem Pra Rua. Tudo caminhava bem, mas o projeto ruiu de forma inesperada no domingo, 9. Sem dar maiores explicações, o MBL informou aos presidenciáveis que não participaria de uma reunião prevista para essa semana e que não iria mais fazer parte da empreitada.

O MBL e o Vem Pra Rua foram chamados a elaborar o site para dar um caráter mais cívico à plataforma e para gerar um engajamento orgânico com a população. Procurado por VEJA, o coordenador nacional do MBL, Renan Santos, afirmou que o grupo não tem “mais tempo a perder” diante da polarização entre o bolsonarismo e o petismo. “Ciro, Lula e Bolsonaro já estão em campanha. Nesse grupo todo mundo quer sentar para discutir democracia ou para montar plataforma. Ninguém está vendo isso, eles querem é ter um candidato. E, se não houver uma candidatura que repudie o Lula e o Bolsonaro igualmente, então não será essa a candidatura que vamos apoiar”, declarou. Santos disse que, por ora, o MBL permanecerá como entusiasta das candidaturas de João Amoêdo (Novo) e do humorista Danilo Gentilli. “São os únicos que atuam nessa linha. Convidamos os demais a também atuarem dessa forma. Se eles não quiserem, nos sentimos mais confortáveis em ficar com o que acreditamos. Antes de tudo, os candidatos devem ir para a rua e dar a cara com um discurso firme, não com discurso molengão.”

Animosidades e Adesão

Desde o começo da tentativa de união do “Polo Democrático”, como foi batizado o grupo de WhatsApp dos presidenciáveis, já se sabia que uma das principais barreiras a serem superadas seria a ambição individual dos integrantes. Como governante do estado mais poderoso, o tucano João Doria (PSDB-SP) não esconde a pretensão de encabeçar a chapa de centro. Dentro do grupo, comenta-se que existe a possibilidade de o tucano sair do PSDB, caso seja derrotado nas prévias do partido, para tentar viabilizar sua candidatura por outra sigla. Ele nega qualquer pretensão nesse sentido.

Outro que está distante dos presidenciáveis é o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Os políticos sabiam que o pedetista não cederia em relação à candidatura para a Presidência, mas julgam que mantê-lo por perto ajuda a criar desgastes para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disputará o pleito pelo PT. Ciro se tornou um crítico contumaz do petismo e brigará com Lula pelos votos de setores da esquerda.

O último nome a ingressar no “Polo Democrático” foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que rompeu com o bolsonarismo desde que foi demitido pelo presidente em 2019. Em entrevistas recentes, Santos Cruz deu a entender que aceitaria disputar a Presidência como um candidato do centro político. Além do militar e de Ciro e Doria, fazem parte do grupo o apresentador Luciano Huck (sem partido), o ex-juiz Sergio Moro (sem partido), o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoêdo (Novo). Entre eles, Moro já informou ao seu empregador, a consultoria Alvarez & Marsal, que não será candidato ao Palácio do Planalto em 2022, e Huck está negociando a renovação de seu contrato com a Rede Globo.

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