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Cinco prejuízos que o adiamento do Censo pode causar ao Brasil

Base de dados defasada prejudica orientação de políticas públicas e abala credibilidade do país

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 abr 2021, 17h34 - Publicado em 23 abr 2021, 16h38
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  • O censo demográfico foi adiado novamente por falta de previsão orçamentária. A informação foi confirmada pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, nesta sexta-feira, dia 23, um dia depois do presidente Jair Bolsonaro sancionar o Orçamento de 2021, com previsão de 17 bilhões de reais em emendas parlamentares.

    O levantamento do Censo previsto inicialmente para 2020 já havia sido suspenso no ano passado devido ao avanço da pandemia de Covid-19. Na ocasião, já representou uma ruptura na tradição prevista na Lei 8.184, de 1991, que define que os censos demográficos deveriam ocorrer a cada dez anos.

    Os prejuízos decorrentes desse segundo adiamento são incalculáveis. VEJA consultou especialistas e listou abaixo os cinco problemas principais:

    1) Perda de eficiência e foco nas políticas públicas:
    Num país já carente de estatísticas, o Censo é responsável por fazer um raio-x de diferentes áreas da população, como nível de educação, renda, saúde, saneamento, mercado de trabalho etc. Com isso, ele é a principal base de dados que abastece programas sociais, como o Bolsa Família e o auxílio emergencial. Com os números defasados, esses programas ficam sujeitos a não detectarem novos rincões de pobreza que podem estar se formando.

    2) Impacto no federalismo:
    A ferramenta funciona como uma bússola que indica em que lugar é melhor alocar ou economizar os recursos do contribuinte. E, por isso, orienta o tamanho dos repasses destinados a municípios e estados. Sem o Censo atualizado, uma determinada cidade que teve forte crescimento populacional nos últimos anos pode receber menos recursos do que uma que passou por um fluxo de emigração, por exemplo.

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    3) Reflexo nas pesquisas do setor privado:
    A falta de dados novos não impactam só o setor público. No privado, pesquisas sobre preferências eleitorais e tendências do mercado consumidor e financeiro costumam utilizar o Censo para formar a sua base de informações. Dessa forma, ao cruzar com dados de 2010, os trabalhos acabam perdendo qualidade e eficiência na hora de reproduzir a realidade.

    4) Afeta a credibilidade do país perante a comunidade internacional:
    Sem uma base de dados adequada, o Brasil se iguala a países falidos ou em estado de guerra que não produzem levantamento estatístico confiável conforme padrões internacionais. Também abala a confiança de governos, fundos e empresas estrangeiras em investir em um país que não tem uma base de dados atualizada.

    5) Prejudica ações de combate à Covid-19:
    Um censo atual seria importantíssimo para fornecer informações a duas áreas que têm relação direta com a pandemia do novo coronavírus. Uma é orientar de forma mais eficaz as campanhas de vacinação pelo país, tendo dados mais atualizados sobre as pessoas mais velhas e vulneráveis – público-alvo para receber os imunizantes. A outra é conhecer os problemas e desafios da educação do país devido ao fechamento das escolas, como por exemplo saber quantas crianças hoje não têm acesso a internet em casa ou a três refeições por dia.

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    Para a ex-presidente do IBGE Susana Guerra e o diretor indicado para a sua vaga Eduardo Neto, a não realização do Censo deste ano “fragilizará” as ações governamentais pós-pandemia.”Além de ser um instrumento fundamental para o pacto federativo e a calibragem da democracia representativa, a contagem da população permite a determinação dos públicos-alvo de todas as políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal”, escreveram os dirigentes em carta publicada em março.

     

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