Cotado para ser ministro da Justiça em um governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, vê se aproximar a data de um depoimento agendado há três meses com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), previsto para acontecer no próximo dia 14, depois de ter sido adiado em virtude das eleições de 2018.
Moro e Lula ficarão frente a frente para que o ex-presidente seja ouvido em um processo que apura a suspeita de posse oculta por parte de um sítio em Atibaia, no interior de São Paulo. Nos dois depoimentos anteriores do ex-presidente a Moro, ele já vocalizou acreditar que o magistrado da Lava Jato seria um juiz influenciado por uma indisposição prévia contra ele, posição diversas meses manifestada pela defesa nos autos do processo. A tendência agora, portanto, é que isso aumente, diante do flerte do juiz com a possibilidade de ocupar uma vaga no governo Bolsonaro.
Se eventualmente aceitar ser ministro da Justiça, Sergio Moro precisará obrigatoriamente se exonerar da função de juiz federal, o que o obrigará a deixar os processos atualmente sob a sua responsabilidade. Em nota oficial divulgada na terça-feira 30, o juiz afirmou que, se confirmando o convite de Bolsonaro para que assumir a posição, a possibilidade passará por uma “reflexão e discussão”.
Outra possibilidade para a qual Moro é cotado é uma indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF). Essa, presidente eleito só deve ter disponível em 2020, ano da aposentadoria compulsória do ministro Celso de Mello. Neste caso, o juiz não poderia julgar nenhum processo da Lava Jato na Corte, por já ter participado destas ações como juiz de primeira instância.
Entenda o caso do sítio
Batizado de “Santa Bárbara”, o sítio em Atibaia (SP) é um imóvel que legalmente pertence ao empresário Fernando Bittar e que passou por reformas, executadas por três empresas envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras: OAS, Odebrecht e Schahin.
A acusação do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Lula no caso é de que ele seria o real dono do sítio e que as benfeitorias, a um custo estimado de 1 milhão de reais, teriam sido feitas sem custo, em troca da conivência do petista para manter em funcionamento o esquema que beneficiava as empresas. O ex-presidente nega.