Um novo arrastão praticado por usuários de drogas na Cracolândia, Zona Central de São Paulo, gerou protestos por parte de comerciantes que atuam na região. No domingo 28, lojistas realizaram uma manifestação pedindo ações do poder público por mais segurança no bairro Santa Ifigênia e arredores.
No evento, que contou com um carro de som, proprietários de lojas em Santa Ifigênia — região da capital paulista conhecida pelo amplo comércio de eletrônicos — sob gritos de “Fora, Cracolândia!”, um representante do comércio local expressa a insatisfação dos lojistas com a violência e a queda na circulação de consumidores por medo de assaltos.
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Na madrugada de sábado 27, dependentes químicos que frequentam a Cracolândia saquearam e destruíram uma loja de celulares e outros dispositivos na Rua Santa Ifigênia. Moradores da região registraram a depredação em vídeo (veja abaixo) — as imagens mostram o estabelecimento completamente revirado pelos criminosos.
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Eleições municipais
A segurança pública, um dos temas que mais incomodam os eleitores em todo o Brasil, deve ser uma das pautas centrais do debate político nas eleições municipais de 2024. Em São Paulo, a questão da Cracolândia é espinhosa e gera forte divisão entre o eleitorado — apoiadores de candidaturas à esquerda, como a do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), defendem a ampliação de programas sociais e de inclusão aos usuários de crack, enquanto os mais alinhados à direita pedem por maior intervenção policial na região e maior rigor na retirada de dependentes que vivem nas ruas.
O fim da Cracolândia estava entre as promessas de campanha do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Um dos projetos era realocar a concentração de aproximadamente 1.000 dependentes químicos, conhecida informalmente como “fluxo”, da Santa Ifigênia para o bairro Bom Retiro, onde está localizado o Complexo Prates, entidade municipal que presta assistência a usuários de droga e moradores de rua.
O plano, no entanto, fracassou em meados do ano passado devido a divergências com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que é candidato à reeleição com o apoio de Tarcísio. Aliados de Nunes na Câmara Municipal também têm usado a questão da Cracolândia para promover agendas ideológicas — é o caso do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que tentou, sem sucesso, instaurar uma CPI municipal para investigar ONGs que atuam na Cracolândia e mirar o padre Júlio Lancellotti, pároco que realiza ações de apoio a moradores de rua e dependentes de crack.