Datafolha: maioria vê risco de fuga e apoia tornozeleira em Bolsonaro
Para 55% dos brasileiros, o ministro Alexandre de Moraes acertou ao adotar a medida restritiva contra ex-presidente

Para 55% dos brasileiros, o Supremo Tribunal Federal acertou ao determinar o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto 41% discordam parcial ou totalmente da medida. A pesquisa de opinião foi publicada nesta sexta-feira, 1º, pelo instituto Datafolha.
Réu no Supremo por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro é obrigado a utilizar o equipamento de monitoramento eletrônico desde 18 de julho, por ordem de Alexandre de Moraes. O ministro do STF também proibiu o ex-presidente de publicar nas redes sociais, conceder entrevistas e sair de casa aos finais de semana e, em dias úteis, após as 19h — segundo o relator do julgamento, as medidas cautelares são necessárias devido a indícios de tentativas de interferência no processo pelo capitão e seus aliados.
Além de concordar com a imposição da tornozeleira eletrônica, 55% dos entrevistados pelo Datafolha acreditam que Bolsonaro planejava uma fuga do Brasil para evitar a prisão, enquanto 36% creem que o ex-presidente, que está com o passaporte retido pela Justiça desde o ano passado, não tinha a intenção de tentar deixar o país clandestinamente.
Ao decretar as medidas de segurança, Moraes citou a atuação internacional do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos Estados Unidos desde fevereiro, como agravante. Em contato com pessoas ligadas à Casa Branca, o filho Zero Três de Jair Bolsonaro vem incitando há meses uma intervenção do governo americano na Justiça brasileira, e é apontado como articulador do tarifaço de 50% contra importações brasileiras e das sanções contra Moraes por meio da Lei Magnitsky — ambas as ações foram decretadas pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira, 30.
O julgamento contra Bolsonaro e outros réus do chamado “núcleo crucial” da trama golpista deve ser retomado em 2 de setembro deste ano. Além do ex-presidente, serão julgados os ex-ministros Braga Netto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Augusto Heleno (Segurança Institucional) e Anderson Torres (Justiça); o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem; e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, delator do caso.
O Datafolha entrevistou 2.004 eleitores com mais de 16 anos em 130 cidades brasileiras entre os dias 29 e 30 de julho de 2025. A margem de erro é estimada em 2 pontos percentuais (pp) para mais ou para menos.