Às vésperas das eleições municipais de 2024, a corrida eleitoral às prefeituras já foi deflagrada — em todo o país, candidatos costuram alianças por apoio nas urnas e, com frequência, buscam endosso de nomes com peso na política local e alto potencial de levantar votos. Em São Paulo, a disputa pelo Executivo municipal traz uma série de ex-prefeitos de volta aos holofotes.
Nas últimas semanas, os dois líderes na disputa pela Prefeitura de São Paulo — o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) — conseguiram angariar o apoio de, ao menos, quatro ex-prefeitos que comandaram a capital paulista nas últimas décadas e continuam atuantes na política municipal, estadual ou nacional. Leia mais sobre eles a seguir.
Marta Suplicy (2001-2005)
Marta Suplicy ainda ocupava o cargo de secretária municipal de Relações Internacionais quando se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última segunda-feira, 8. Após a reunião, ela deixou o posto na gestão Nunes e a expectativa é que volte a se filiar ao PT — sigla que ajudou a fundar na década de 1980 e da qual se desligou em 2015 — para integrar a chapa de Boulos como candidata a vice-prefeita.
Marta tem uma longa trajetória ligada aos governos do PT. Desde 1995, ela exerceu um mandato na Câmara dos Deputados e um no Senado pelo partido, comandando também o Ministério do Turismo e o Ministério da Cultura nas presidências de Lula e Dilma Rousseff. Na prefeitura, deixou como legado a instituição do Bilhete Único e a criação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs).
Gilberto Kassab (2006-2012)
Atual secretário de Governo e Relações Institucionais do estado de São Paulo, Gilberto Kassab é presidente nacional do PSD e oficializou o apoio à candidatura de Nunes em dezembro. Antes do anúncio, especulava-se que ele poderia apoiar a campanha de Boulos, já que seu partido integra a base aliada do governo Lula no Congresso.
Inicialmente vice-prefeito de José Serra (PSDB), Kassab assumiu a prefeitura quando o tucano renunciou ao cargo para disputar o governo estadual, em 2006, e foi reeleito em 2008. O ex-deputado é reconhecido como notório articulador político. Foi ministro das Cidades e da Ciência e Tecnologia, respectivamente, nos presidências Dilma Rousseff e Michel Temer, e comandou a Secretaria Estadual da Casa Civil na gestão de João Doria antes de aceitar o atual cargo no governo de Tarcísio de Freitas.
Luiza Erundina (1989-1993)
Candidata a vice-prefeita na chapa de Boulos em 2020, Luiza Erundina é sua copartidária no PSOL e compõe o grupo de trabalho que elabora seu plano de governo para as eleições de 2024. Primeira mulher eleita na história para comandar a prefeitura de São Paulo, ela exerce atualmente seu sétimo mandato na Câmara dos Deputados.
Integrante e aliada de longa data da esquerda brasileira, Erundina chegou a ser anunciada como candidata a vice na chapa de Fernando Haddad nas eleições municipais de 2012, mas recuou após a aliança do PT — ao qual foi filiada por quase dez anos — com o ex-prefeito Paulo Maluf (PP).
Fernando Haddad (2013-2016)
Já em meados de 2022, ainda candidato ao Palácio dos Bandeirantes, Fernando Haddad reforçava a ideia de que o PT tinha “um acordo a cumprir” com o PSOL. “Boulos, vai se animando aí que na capital tive praticamente a mesma votação que você quando venci José Serra, em 2012”, declarou o ex-prefeito após a derrota nas urnas para Tarcísio de Freitas, referindo-se à vitória do psolista para a Câmara dos Deputados.
O apoio dos petistas à candidatura de Boulos foi oficializado em agosto de 2023, consolidando a primeira corrida à prefeitura de São Paulo sem um candidato do PT. Ao longo do ano passado, o nome de Ana Estela Haddad, secretária de Informação Digital do Ministério da Saúde e esposa do ministro da Fazenda, chegou a ser cotado como vice na chapa do PSOL — no entanto, ela teria recusado por motivos pessoais.
Entre o eleitorado de esquerda, o endosso de Haddad ainda gera impacto misto para a candidatura de Boulos: o ministro foi o principal mentor da reforma tributária e do arcabouço fiscal e é tido como um nome mais ao centro, enquanto o psolista é notório aliado de entidades de base esquerdista e um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Por outro lado, ambos são nomes próximos de Lula, principal cabo eleitoral de Boulos em São Paulo, e frequentemente cotados como herdeiros políticos do presidente.