Em briga por comissão, Eduardo quer devassa em acordos de Lula com a China
PL tem pressionado para que deputado seja indicado para comando das Relações Exteriores na Câmara, mas PT tem agido contra

Em meio à disputa pelo comando das comissões da Câmara, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) prometeu fazer um pente-fino em acordos firmados entre o governo Luiz Inácio Lula da Silva e a China caso seja escolhido para a Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
O PL tem pressionado para que o filho de Jair Bolsonaro ocupe o colegiado. “Maior partido da Câmara tem a primeira escolha de comissão. Agradeço meu líder, Sóstenes Cavalcante, em não ceder a pressões escusas do PT”, publicou Eduardo nas redes sociais.
“Por que eles querem tanto que eu não presida a CREDN? Seria medo de eu fazer uma análise correta dos 37 acordos/MOU que Lula assinou com a China?”, questionou o parlamentar.
Durante a cúpula de líderes do G20, em novembro passado, Lula assinou 37 acordos de cooperação com o presidente chinês, Xi Jinping. Os tratados abrangem mais de quinze áreas, entre elas agronegócio, cooperação tecnológica e intercâmbio educacional.
Na última segunda-feira 10, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), já havia indicado que o partido não abrirá mão do nome de Eduardo para o colegiado. “Não tem pressão nem poder obscuro que consiga mudar nossa decisão: EDUARDO BOLSONARO SERÁ PRESIDENTE DA COMISSÃO! Como líder do PL, reafirmo: a escolha é nossa, legítima e inegociável. COM ou SEM passaporte, a democracia será respeitada!”, publicou.
Pressão
Para além da prerrogativa de a legenda ter a maior bancada na Casa, um dos argumentos defendidos pelo líder do PL para emplacar Eduardo na Comissão de Relações Exteriores é o de que o apoio de Bolsonaro a Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara envolveu o acordo para que o deputado fosse indicado para o colegiado.
A ambição do PL de colocar Eduardo Bolsonaro no posto tem como objetivo estreitar as relações do partido e do bolsonarismo como um todo com o governo Donald Trump — o deputado já tem feito as vezes de “embaixador” da direta brasileira nos Estados Unidos —, além de conseguir anabolizar a narrativa internacional de que o clã tem sofrido perseguição política tanto do governo Lula quanto do Judiciário.
Na última semana, Eduardo voltou a falar de “censura” no país e pediu ajuda aos Estados Unidos em live com nomes da direita americana.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou, no entanto, que a legenda irá se opor à indicação e prometeu que tratará do tema diretamente com Motta. O petista declarou que a sigla apenas aceitará o nome do filho de Jair Bolsonaro caso seu passaporte seja, de fato, retido. O próprio PT pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a apreensão do documento do parlamentar com o argumento de que ele estaria agindo contra a soberania brasileira ao instigar políticos americanos contra o Supremo. A análise está sendo feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).