Em meio a ataques de Olavo a Mourão, Bolsonaro posta vídeo do guru
Presidente compartilhou comentário do filósofo sobre 'doutrinação'; escritor insinuou que vice conspira contra o titular e o chamou de 'desprezível'
Considerado o guru do governo Jair Bolsonaro (PSL), o filósofo Olavo de Carvalho voltou sua artilharia nos últimos dias na direção do vice-presidente Hamilton Mourão. Apenas nas últimas 24 horas, foram mais de dez publicações em sua página oficial no Facebook sobre o general, que, segundo a revista Época, teria debochado da obra do escritor, a qual ele disse não ter lido.
Entre os ataques de Olavo, estão afirmações de que o vice “é uma vergonha para as Forças Armadas, para a maçonaria e para o Brasil”, que ele deveria honrar a farda “antes que ela o vomite” e que “só um charlatão desprezível debocha de livros que não leu”. O guru também recorreu ao escritor Denis Rosenfield, um dos autores citados pelo general Mourão como leituras, dizendo que este “votou em Bolsonaro e não em você”, em mensagem ao vice.
Em outra postagem, escreveu: “Se o Mourão acha que por ser general pode desautorizar em público o capitão presidente, ele não ‘ameaça dar’ um golpe militar. JÁ DEU.”
Até a manhã desta quarta-feira, 6, Bolsonaro não fez nenhuma menção ao vice e às críticas feitas a ele por Olavo.
Por outro lado, não achou que fosse um momento ruim para compartilhar em sua página pessoal um vídeo do filósofo.
Na gravação postada pelo presidente, Olavo comenta as teorias do comunista italiano Antonio Gramsci, de que grupos de esquerda deveriam buscar a influência no meio acadêmico para difundir suas ideias políticas. A fala aparece na sequência de uma filmagem que mostra uma formatura universitária com cartazes contra “o machismo, o fascismo e a homofobia” e uma música de oposição ao governo.
É sabido que o protagonismo do vice-presidente no governo, sobretudo durante a viagem de Bolsonaro à Suíça para participar do Fórum Econômico Mundial e da atual internação em um hospital de São Paulo para reversão de uma colostomia incomodam o presidente e seu círculo. Resta saber se Bolsonaro desconfia, como chegou a especular Olavo, de que Mourão não seja devidamente fiel ao governo.