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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Em vídeo, dono das lojas Havan pressiona funcionários a votar em Bolsonaro

Luciano Hang afirma que pode cancelar a abertura de novas lojas e fechar parte das atuais caso um candidato 'de esquerda' seja eleito

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 16h57 - Publicado em 1 out 2018, 18h11

O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, utilizou um canal interno de comunicação com seus funcionários para divulgar que, se um candidato “de esquerda” vencer a eleição presidencial de 2018, ele vai repensar sua estratégia comercial e pode fechar algumas das 114 unidades do grupo no Brasil. “Talvez, eu não abra mais lojas. Se nós voltarmos para trás, você está preparado para sair da Havan? Para ganhar a conta da Havan?”, questionou.

Ele não citou quais candidatos considera à esquerda, mas classificou PSOL, PT, PSDB e PDT como “partidos comprometidos com o comunismo”. As quatro siglas lançaram as candidaturas de Guilherme Boulos, Fernando Haddad, Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, respectivamente. “Não vote em comunistas e socialistas, que destruíram esse país”, orienta.

Hang é apoiador da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) ao Planalto e defendeu o voto no capitão da reserva durante a gravação. Ele cita no vídeo uma pesquisa interna feita com os próprios colaboradores, que mostrou que 30% dos cerca de 15.000 funcionários pretende anular o voto ou votar em branco. O dono da Havan alerta para o risco de “nós virarmos uma Venezuela” caso estes colaboradores confirmem essa intenção.

Especialistas em direito trabalhista ouvidos por VEJA concordam que, a princípio, Hang tem a “liberalidade” de se comunicar com seus empregados, bem como apresentar e analisar conjunturas políticas e econômicas, mas não pode coagi-los a votar neste ou naquele candidato. Em um primeiro momento, entendem que apenas o tom utilizado, que pode soar como uma “ameaça”, poderia ensejar algum tipo de sanção judicial, mas que o essencial para a esfera trabalhista é que isso não se reflita em pressões no cotidiano da empresa.

Veja o vídeo distribuído aos colaboradores da Havan:

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A VEJA, Luciano Hang afirmou que seus empregados são livres para votar em quem desejarem, mas que a Havan “fala francamente” sobre seus planos. “Eu preciso passar a realidade para os trabalhadores. Tenho um plano estratégico para o futuro. Eu disse que, se nós formos politicamente para um lado, a Havan vai fazer uma coisa, mas, se formos para outro lado, faremos outra coisa”, disse.

O empresário disse que não considera que possa sofrer algum tipo de sanção em virtude desse procedimento. “Nós fazemos vídeos semanais sobre diversos temas e, nesta semana, falamos de eleições. Eu não seria transparente se eu não dissesse a realidade sobre o futuro da empresa para os nossos colaboradores. É apenas isso de que se trata. E o meu apelo foi principalmente no sentido de que as pessoas não anulem o voto nem deixem de votar”.

Cotado para a disputa de cargos políticos ou até para um ministério em um governo de Bolsonaro, Hang afirmou que não aceitaria um eventual convite. “Eu estou 100% focado na minha empresa, que é uma empresa de capital fechado, de único dono. Então isso me dá a liberdade de me manifestar politicamente, mas sou um empreendedor, não vou disputar eleições nem pretendo assumir cargos no governo”.

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