Ex-policial bolsonarista é condenado a 20 anos por assassinar petista
Crime ocorreu em 2022 e foi um exemplo da violência política que marcou a campanha presidencial disputada naquele ano por Lula e Bolsonaro

O ex-policial penal Jorge José da Rocha Guaranho foi condenado nesta quinta-feira 13 a vinte anos de prisão por ter assassinado a tiros o ex-secretário do PT Marcelo Arruda, durante a festa de seu aniversário, em julho de 2022. Os dois discutiram por causa de política — o autor do crime é bolsonarista e foi até o evento provocar seu adversário. Guaranho foi condenado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, com as agravantes de motivo torpe e de colocar outras pessoas em risco.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Paraná, Guaranho passará por uma triagem e vai para a prisão começar a cumprir a pena. Por ter sido sentenciado a uma pena de mais de oito anos de prisão, ele já começará a cumprir em regime fechado. O crime estava previsto para ser julgado em abril do ano passado, mas a defesa do ex-policial abandonou o caso menos de uma hora antes do júri começar. Por isso, o julgamento foi remarcado.
O crime aconteceu em Foz do Iguaçu, oeste do estado, mas foi julgado pela 1ª Vara Plenário do Tribunal do Júri de Curitiba. A defesa de Guaranho pediu o desaforamento, que é quando um caso de júri muda de competência pelo risco de os jurados estarem já contaminados pela opinião pública.
O ex-policial militar estava preso preventivamente desde o começo do caso, mas havia conseguido, em setembro do ano passado, a possibilidade de ficar em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica. Ele impetrou um habeas corpus alegando problemas de saúde.
Marco da polarização
O assassinato de Marcelo Arruda, ex-tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (PR), foi o ápice da violência numa disputa eleitoral marcada por agressão e ameaças com motivação política. Em 9 de julho de 2022, Marcelo comemorava seu aniversário de 50 anos. Ele usava uma camiseta com o rosto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decoração vermelha da festa fazia referência ao PT.

O ex-policial penal Jorge Guaranho foi ao local da festa e colocou músicas da campanha do então presidente Jair Bolsonaro. Marcelo e Jorge discutiram e o ex-tesoureiro petista jogou areia no carro do bolsonarista. Guaranho foi embora, mas depois voltou armado.
Ele foi interpelado pela esposa de Marcelo, a policial civil Pamela Silva, que mostrou o distintivo para enxotá-lo da festa. O policial penal teria visto Marcelo passar atrás de Pamela e disparou — a vítima foi atingida com dois tiros. Toda a movimentação foi flagrada por uma câmera de segurança. Arruda deixou quatro filhos — um deles com apenas quarenta dias de vida quando ele foi assassinado.