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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Ex-presidente do PSDB-SP diz que vai à Justiça contra Datena: ‘Usurpação’

Fernando Alfredo defende aliança com Nunes; candidatura do jornalista foi homologada pelo PSDB um dia antes da convenção, que acontece neste sábado, 27

Por Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jul 2024, 22h23 - Publicado em 26 jul 2024, 17h52

Mesmo após a homologação da candidatura de José Luiz Datena à Prefeitura de São Paulo pela federação nacional PSDB/Cidadania, ocorrida nesta sexta-feira, 26, o principal adversário do apresentador diz que vai continuar lutando pelo apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) e acusa o correligionário e a cúpula tucana de não respeitarem a realização de prévias. A convenção do partido, marcada para este sábado, 27, está mantida, embora a decisão de homologação “antecipada” de Datena — a oficialização seria durante o evento –, tenha servido para arrefecer os ânimos das diferentes vertentes tucanas.

Fernando Alfredo, ex-presidente do diretório do PSDB paulistano, afirma que irá à Justiça com dois pedidos: um de impugnação da convenção, com a justificativa de que o evento será realizado com “preceitos errados”, e outro contra o uso de recursos partidários na pré-campanha de Datena, sob a alegação de usurpação de dinheiro público. Alfredo já havia ingressado com outra ação nesta semana, pedindo a prorrogação da convenção municipal, a fim de que fosse realizado um “amplo debate” com os filiados e eventual prévia.

A justificativa da cúpula do PSDB foi a de que não existe motivo para a contestação da homologação, uma vez que a federação é a “instância decisória máxima” no que diz respeito a disputas eleitorais em cidades com mais de 200.000 habitantes. O adversário Fernando Alfredo diz, no entanto, que participará da cerimônia e que não poupará críticas ao jornalista. A sua própria candidatura foi considerada uma tentativa de enfraquecer a candidatura de Datena, e fazer com que o partido apoiasse Nunes.

A VEJA, o ex-dirigente teceu críticas ao jornalista e à direção do partido, disse que o movimento é uma represália de Eduardo Leite e de Aécio Neves contra aliados do ex-tucano João Doria em São Paulo e garantiu que seguirá em protesto. “Quero fazer valer nosso direito, olhar na cara do Datena e perguntar por que ele está fugindo do debate comigo”.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

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O PSDB acabou homologando a candidatura de Datena e a convenção deve acontecer neste sábado, 27. Quais medidas serão tomadas? Pretendo entrar na segunda-feira com um pedido de impugnação da convenção, que vai ser feita com preceitos errados. E vou alegar que o Cidadania não foi consultado em nenhum momento sobre o que eles estão fazendo. O presidente do Cidadania disse que não foi comunicado. E pretendo ingressar com uma ação na Justiça para que ele [Datena] devolva todos os recursos do fundo eleitoral e do fundo partidário que foram gastos com essa pré-campanha dele: aluguel de sede, aluguel de carro, contratação de marqueteiro. Porque não é justo um cara que é milionário como ele se usurpar de dinheiro público para ficar aparecendo na imprensa e ficar dando entrevista, e depois largar o partido na mão, que é o que ele fez nos outros onze partidos que passou. No PSDB não vai ser assim. Ele vai pagar na pessoa física por isso. Porque ele, como é um cara rico, não teria problema nenhum em custear essas questões. O cara usa dinheiro público para ser candidato e desiste. E não é a primeira vez. Já é recorrente essa atitude dele. 

Qual a motivação da sua candidatura inicialmente? A nossa candidatura nasceu do anseio de sermos ouvidos, uma vez que eles não estão respeitando o acordo que havia sido feito pelo prefeito Bruno Covas, no apoio à reeleição do Ricardo Nunes. Até o Eduardo Leite virar presidente, era natural o apoio do PSDB ao Ricardo Nunes. Quando ele vira presidente do partido, começa a todo custo querer se vingar daqueles que trabalharam nas prévias aqui para o João Doria. Ele, visceralmente, começa a colocar as garras de fora, fazendo intervenções no diretório, não respeitando esse legado tucano na cidade.

Então a sua participação está mantida na convenção? Sim. Já tenho a confirmação de 780 militantes que estarão comigo. Vamos lá protestar e fazer valer o nosso direito. Quero olhar na cara do Datena e perguntar por que ele está fugindo do debate comigo. Não é nada contra ele pessoalmente, mas é preciso que seja feito um amplo debate. Desde que o Datena foi filiado, ninguém conversou com ele, ninguém sabe o que ele pensa. Ele só se reúne com o Aécio, com o Marconi [Perillo, presidente nacional] e com o Jose Aníbal [presidente municipal do PSDB]. Ele tem todo o direito de ser candidato, mas num processo legítimo e democrático. Vale lembrar que o José Serra, quando foi candidato em 2004, passou por prévias, assim como o João Dória em 2016 e o Bruno Covas em 2020. O Datena, não. Ele quer desrespeitar a nossa história, tentando reescrevê-la de uma forma que só ele acredita que seja viável. E isso não vai funcionar. 

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Vai haver algum tipo de embate? Ele vai ser vaiado, não tenho dúvida. Como é que um cara que chega pela porta dos fundos quer ser ovacionado por alguém? Claro que eu não vou ser o provocador. Mas vou levar um caminhão de som com todas as falas dele criticando o prefeito Bruno Covas, criticando o prefeito José Serra, criticando o Aécio, dizendo que o Aécio tinha que estar preso, que o lugar de ladrão era na cadeia. 

O senhor mencionou uma possível represália da direção em relação à ala paulistana. Foi depois das derrotas que nós tivemos eleitoralmente em São Paulo, do Rodrigo Garcia, de não terem dado o direito do João Dória ser candidato a presidente da República. E quando o Aécio Neves e o Eduardo Leite começam a querer intervir aqui em São Paulo, porque eles sabem que São Paulo, mesmo não tendo mandato, não tendo governador, a gente tem uma força política no Estado, porque as principais lideranças estão aqui. Fernando Henrique, José Serra e muitos outros. O plano deles é de aniquilar o partido em São Paulo. Um partido que estava acostumado a ter prévia, discussão temática, discussão programática, hoje o que se vê é uma foto, com quatro caras decidindo o futuro de um partido que governou o país e governou o estado aqui por 28 anos. 

Alguns de seus adversários chegaram a falar que haveria a possibilidade de uma desfiliação sua do PSDB. Eu não saio do PSDB. O intruso não sou eu. O único partido que eu me filiei a vida inteira foi o PSDB. Não saio. E se eles de alguma forma tentarem me expulsar, eu vou na Justiça, porque eles não têm motivo nenhum para me expulsar. Até porque eu nada mais estou fazendo do que exercer o meu direito de militante filiado do PSDB.

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