Sem foro privilegiado desde que se demitiu da Secretaria de Governo, em novembro do ano passado, o ex-ministro Geddel Vieira Lima anda preocupado com as delações premiadas do ex-deputado federal Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro.
Segundo o delator Joesley Batista, dono da JBS, disse em sua delação, Geddel o procurava de vez em quando e perguntava, cheio de inocência: “e o passarinho? Está calmo?”. Era uma referência velada a Cunha, preso em Curitiba na Operação Lava Jato, e a suas intenções de contar o que sabe ao Ministério Público Federal.
Em relação a Funaro, que promete contar partes ainda inéditas do rosário de maracutaias do chamado “PMDB da Câmara”, incluindo Geddel Vieira Lima e o presidente Michel Temer, o ex-ministro é bem menos cerimonioso. Em seu depoimento à Polícia Federal no inquérito que investiga Temer no STF, Lúcio Funaro garantiu que não recebeu “recados diretos” de Temer para se manter calado, mas contou que Geddel, em compensação, liga pessoalmente à sua mulher, Raquel Albejante Pitta, para sondá-la sobre o humor do marido.
“QUE estranha alguns telefonemas que sua esposa tem recebido de Geddel Vieira Lima, no sentido de estar sondando qual seria o ânimo do declarante em relação a fazer um acordo de colaboração premiada”, diz relatório da oitiva de Funaro.
De acordo com o doleiro, também sondaram sua disposição a delatar “o escritório do Mariz”, possível referência ao advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Michel Temer, e um escritório de advocacia supostamente ligado ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.