A dissonância entre os discursos do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre o coronavírus ganha novos capítulos a cada dia. Neste domingo, 12, o antagonismo se expressou até nos canais de TV que os dois escolheram para se manifestar.
Ao Fantástico, da TV Globo, Mandetta disse que o número de casos de Covid-19 aumentaria na segunda quinzena de abril, e que “maio e junho serão os sessenta dias mais duros para as cidades”. Em live no Facebook transmitida em parte pelo SBT — e mediada por Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos –, Bolsonaro declarou que “parece que está começando a ir embora a questão do vírus”. A declaração não encontra respaldo na ciência nem nos números, que seguem subindo no Brasil.
Mandetta também lamentou que a população pareça estar afrouxando o isolamento social, justamente no momento em que as mortes por Covid-19 estão aumentando. Segundo ele, isso é fruto de pessoas que veem “fake news na internet” e acreditam que há “um complô mundial” contra elas. Bolsonaro voltou a criticar no domingo a imprensa e as “autoridades” que, segundo ele, estariam torcendo para o pior do Brasil para “ascender ao poder”. O presidente tem atacado governadores que adotaram medidas de restrição mais duras, com os desafetos João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ).
O ministro da Saúde ainda teceu críticas sutis a quem está fazendo aglomerações em padarias e supermercados. “Quando você vê as pessoas entrando em padaria, entrando em supermercado, fazendo filas uma atrás da outra, encostadas, grudadas, (…), isso é claramente um equívoco”. Na última quinta-feira, o presidente levou a sua comitiva para tomar um café em uma padaria da Asa Norte, na região central de Brasília.