Nesta quinta-feira, 9, o governo de Goiás inaugura a primeira instituição pública de pesquisas do Brasil inteiramente voltada ao desenvolvimento de sistemas de realidade virtual. O Centro de Competência em Tecnologias Imersivas (AKCIT), que funcionará dentro da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, tem como objetivo explorar sistemas interativos entre humanos e computadores em ambientes virtuais.
A ideia do AKCIT é desenvolver e aprimorar o que pesquisadores chamam de “humano virtual”. O conceito inclui, por exemplo, o aprimoramento dos robôs de atendimento virtual – os chamados “chatbots” – para ir além das listas de opções e permitir uma “conversa” entre consumidor e aplicativo. O instituto também vai mergulhar no campo do metaverso, mundo digital onde usuários podem interagir como se estivessem no mesmo ambiente, e investigar aplicações desta tecnologia para comércio e serviços.
Para o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Goiás, José Frederico Lyra Netto, a iniciativa faz parte de uma política do governo estadual para estimular o mercado interno de tecnologia e inserir o Brasil como player tecnológico no cenário internacional. “Nosso plano é formar gerações de trabalhadores, desde a educação básica até o ensino profissionalizante e superior, capazes de atuar em setores como programação, processamento de dados e inteligência artificial”, explica.
A iniciativa do governo estadual é realizada em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI).
Excelência em IA
Além de mergulhar na realidade virtual, o estado é pioneiro no ensino e pesquisa em tecnologias de inteligência artificial. Desde 2019, a UFG abriga o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA), dentro do qual funcionará o AKCIT. O evento desta quinta-feira marca não apenas a inauguração do novo instituto, mas também a captação de 200 milhões de reais pelo CEIA nos últimos cinco anos.
Desde a sua fundação, o CEIA vem desenvolvendo soluções tecnológicas que já estão em uso por empresas nacionais e internacionais. Entre os produtos lançados estão o Synkar, que produz veículos autônomos compactos para transporte de carga a curtas distâncias, e sistemas usados por seguradoras de carros que automatizam o processo de detecção de sinistros.
“O que fazemos é mostrar exemplos de boas aplicações de IA, com o objetivo sempre de melhorar a qualidade do trabalho, não de tirar empregos”, explica a coordenadora do CEIA-UFG, Telma Woerle. Na visão da pesquisadora, as tecnologias de inteligência artificial já são uma realidade e é importante que o Brasil tenha autonomia para se apropriar destas ferramentas e incentivar a indústria nacional. “A mesma tecnologia pode ter diferentes fins, conforme a intenção de quem as utiliza. Isso não pode se tornar um impeditivo para o desenvolvimento e pesquisa na área”, afirma.