O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, pivô do escândalo da JBS que abalou o governo Michel Temer (MDB) em 2017, pediu ajuda ao Supremo Tribunal Federal para localizar seu passaporte. O documento foi apreendido naquele ano e desapareceu da Polícia Federal e da Justiça Federal em Brasília, onde o processo passou a tramitar depois que ele perdeu o foro privilegiado. A Justiça autorizou que ele saia do país entre os próximos dias 11 e 19, quando tem marcada uma viagem para a Espanha, mas ainda não encontrou seu passaporte para devolvê-lo.
Rocha Loures, que era assessor de Temer, ganhou projeção em 2017 quando foi flagrado pela Polícia Federal — e gravado em vídeo — saindo de uma pizzaria de São Paulo carregando 500 mil reais em dinheiro em uma mala que havia recebido do executivo Ricardo Saud, da JBS. Segundo o Ministério Público Federal, ele atuava como intermediário do então presidente.
Na petição ao STF, enviada em caráter de urgência ao presidente, ministro Luiz Fux, que está de plantão nesta semana, Rocha Loures relata que em maio de 2017, quando tinha mandato de deputado e foro especial na Corte, foi cautelarmente suspenso das funções públicas, proibido de contatar outros investigados no mesmo inquérito e proibido de deixar o país, ocasião em que entregou seu passaporte. Parte das medidas cautelares foi mantida na primeira instância da Justiça Federal em Brasília, onde seu processo passou a tramitar em 2018 e ainda está em curso. Rocha Loures e Temer são réus sob acusação de corrupção passiva, o que eles negam.
No ano passado, a defesa de Rocha Loures pediu a revogação da proibição de se ausentar do país. O Ministério Público Federal foi favorável, e a 15ª Vara Federal acabou determinando em dezembro a devolução do passaporte. O problema é que, desde então, o ex-deputado não consegue encontrar o documento nem na 15ª Vara nem na Polícia Federal. Ambas dão informações desencontradas sobre seu paradeiro, segundo a defesa de Rocha Loures. Diante do risco de perder a data da viagem, o advogado Bruno Rodrigues pediu a Fux que verifique se o passaporte continua guardado no Supremo, onde esteve no início das investigações. Ainda não houve decisão do ministro, mas o pleito ajuda a consolidar a fama de que os plantões do STF costumam registrar pedidos inusitados.