‘Ideologia por si não resolve problemas sociais’, diz diretora do RenovaBR
Escola de formação política prevê o lançamento de candidatos em dezoito capitais e mais de 150 municípios em todo o Brasil
Responsável por alavancar diversos candidatos ao Congresso nas últimas eleições, a escola de formação política RenovaBR tem como objetivo lançar até 159 nomes para disputar prefeituras em 2024, sendo pelo menos dezoito capitais com participações de alunos do curso na corrida municipal. O movimento, que tem entre seus conselheiros o apresentador Luciano Huck e o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, ganhou destaque por emplacar parlamentares como o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Fernando Marangoni (União-SP).
A diretora-executiva do RenovaBR, Bruna Barros, explica que a missão do curso é formar políticos com foco em produtividade, capacidade de diálogo e perfil distante da polarização ideológica. Em entrevista a VEJA, ela apresenta alguns desafios e perspectivas para a renovação da política nas eleições municipais.
Qual é o perfil considerado de um bom candidato para o RenovaBR? Nossa avaliação é que um bom candidato é ético, íntegro, tem pleno conhecimento da sua função e disposição para dialogar. Na seleção dos alunos, temos perguntas que buscam fugir da polarização – acreditamos que a ideologia, por si só, não se converte em boas políticas públicas e não resolve os problemas da população.
Como o RenovaBR vai participar das eleições municipais? Em 2024, já formamos 159 alunos que consideramos potenciais candidatos às prefeituras. É um desafio grande, vamos participar de uma eleição com capilaridade muito maior do que fizemos até aqui. Nossa meta é formar cerca de 3.000 líderes para disputar as eleições em todo o país.
Como foi a atuação do RenovaBR nas últimas eleições? Em 2018, estávamos trabalhando muito para ocupar espaços no Legislativo e conseguimos eleger dezessete alunos por oito estados. Em 2020, foram doze prefeitos e 139 vereadores em mais de cem cidades. Hoje, temos prefeitos que vieram do setor privado, sem passagem anterior pelo poder público, e vão tentar reeleições, e também temos alunos que estão no início da carreira legislativa e querem avançar no Executivo com uma visão mais ampla das políticas públicas – acreditamos que é uma evolução do candidato, que começa a pensar nas políticas fora dos seus nichos.
Quais são, na sua avaliação, os diferenciais dos candidatos que vêm do curso? Além de aprender como funcionam os instrumentos políticos e formas de atuar com mais produtividade, nós formamos os alunos para fazer uma boa leitura das tendências políticas e usar as ferramentas digitais para se comunicar com o eleitorado. Algo que está sendo discutido na Justiça Eleitoral, por exemplo, é o uso de inteligência artificial e o perigo de deepfakes [imagens e áudios falsos forjados digitalmente] dos candidatos, e nós também ensinamos sobre estes riscos aos alunos.
Existe hoje uma perspectiva real de renovação na política? Sim. Nós trabalhamos com muitos partidos, grandes e pequenos, tanto os tradicionais quanto os mais novos, e todos demonstram essa disposição de renovar os seus quadros. Mesmo os políticos mais experientes podem aprender conosco – nós ensinamos, por exemplo, melhores formas de usar os recursos do fundo eleitoral, algo que é relativamente novo na política brasileira.