Desde que foi retirada da liderança do governo no Congresso, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) entrou em rota de colisão com colegas de bancada e com perfis bolsonaristas nas redes sociais. No Twitter, a parlamentar tem sido alvo de uma campanha para que os usuários deixem de segui-la e, desde sexta-feira, já perdeu aproximadamente 5.000 seguidores.
O mais novo adversário cibernético de Joice é o pastor da Assembleia de Deus, Silas Malafaia, aliado do presidente Jair Bolsonaro. Na noite do domingo 20, Malafaia disse que Joice era “hipócrita” e que, “como líder de governo , você [Joice] jamais poderia defender traidores de Bolsonaro, apoiando [o presidente nacional do PSL Luciano] Bivar e assinando lista de apoio ao líder [Delegado Waldir] traíra”. A ex-líder do governo foi uma das parlamentares foi favorável à permanência de Delegado Waldir (GO) na liderança do PSL na Câmara dos Deputados.
Joice rebateu com tuítes do pastor criticando o deputado federal Eduardo Bolsonaro e Olavo de Carvalho, guru ideológico do governo Bolsonaro. “Eu, hipócrita? Tem certeza? Você é o mesmo que já atacou Jair Bolsonaro, Eduardo, Olavo. Agora posa de amiguinho”, diz uma das publicações.
https://twitter.com/PastorMalafaia/status/1186106363140890636
Um dos primeiros a disparar contra Joice nas redes sociais foi o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos mais ferrenhos opositores da ex-líder. Na sexta-feira 18, Eduardo publicou uma montagem, sem legenda, com o resto da deputada em uma nota de três reais, em alusão a algo falso. Também partiu de Eduardo a campanha #DeixeDeSeguirAPepa. A hashtag compara a parlamentar com a personagem de desenho infantil Peppa Pig.
Em resposta, a ex-líder do governo chegou a chamar o filho do presidente Jair Bolsonaro de “menininho nem-nem: nem embaixador, nem líder, nem respeitado”. Nesta segunda-feira, 21, Eduardo Bolsonaro se tornou o líder do PSL na Câmara dos Deputados, substituindo Delegado Waldir (GO).
O atrito entre Joice e Eduardo também tem como pano de fundo a candidatura do PSL para a Prefeitura de São Paulo – o diretório do PSL no estado é presidido pelo Zero Três, como é conhecido. A ex-líder, que manifestou reiteradamente que será candidata, é rejeitada pela ala bolsonarista por sua proximidade com o governador de São Paulo João Doria (PSDB) e com o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).
https://twitter.com/BolsonaroSP/status/1185219711614763009
https://twitter.com/joicehasselmann/status/1185623703419281413
A guerra de emojis entre Joice e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) também mobilizou seguidores nas redes sociais no último final de semana. Primeiro, o Zero Dois publicou cinco emojis: uma porca, um rato, uma cobra, uma galinha e uma lula. A deputada federal, então, revidou com figuras de veados e ratos. A indireta de cunho sexual foi endossada por uma outra publicação, na qual Joice diz que “Quem é Lassie não pode posar de Pitbull. Coragem é para poucos”.
Dentro da bancada do PSL, Joice também trocou insultos com Bia Kicis (DF), Junio Amaral (MG), Márcio Labre (RJ) e Carla Zambelli, a quem chamou de “lixo humano, abortista, cruel, golpista. Um monstro”. No sábado 19, Zambelli aderiu à campanha e pediu que seus seguidores deixassem de seguir a ex-líder.
https://twitter.com/CarlaZambelli17/status/1185633330932391937
Perfis bolsonaristas
Nos últimos dias, Joice tem seguido uma espécie de roteiro em sua conta no Twitter: a ex-líder retuíta mensagens de apoio e rebate os ataques recebidos. O uso de palavras em letra maiúscula e de adjetivos como “capacho” e “mentiroso” também viraram rotina.
Um dos perfis mais aplicados nas criticas a Joice é o Patriotas, que tem 155 mil seguidores no Twitter. “A Joice está dizendo que quem deixa de seguir ela é da milícia bolsonarista. Atenção milícia! Já deixaram de seguir a Joice no YouTube, Facebook, Instagram e Twitter? Confira”, disse a página de apoio a Bolsonaro no sábado 19. “Opa!!! Outro capachão. Quem manda em você mesmo???”, rebateu a parlamentar.
A campanha contra Joice também foi incentivada por Leandro Ruschel, um usuário com mais de 330 mil seguidores que se identifica como “apaixonado por filosofia e ciência política” e “conservador”. Nesta segunda-feira, 21, ele criou uma enquete para saber se os eleitores da deputada pretendem apoiá-la para a prefeitura de São Paulo. Em outro tuíte, afirma que a ex-líder tem perdido seguidores pela “facada nas costas que deu” nas costas do presidente Jair Bolsonaro. “Posso perder 1 MILHÃO de seguidores, mas não perco minha dignidade como vocês, capachos”, respondeu a deputada federal.