Julgamento no STF: críticas superam apoio a Bolsonaro na batalha das redes

O julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal transformou as redes sociais em turbulentos campos de disputa política — e a guerra digital, até o momento, parece estar sendo vencida pelos opositores ao ex-presidente. Segundo o instituto Democracia em Xeque, que monitora o discurso político na internet, a retórica a favor da condenação dos réus por golpe de Estado predominou na última semana sobre os defensores de anistia aos acusados.

Nos dias antes e após o julgamento (que começou na terça, 2), os principais influenciadores políticos do campo progressista publicaram 7.077 vezes em defesa da condenação de Bolsonaro, enquanto perfis da ala conservadora enviaram 4.153 publicações e o campo neutro (majoritariamente ligado à imprensa) foi responsável por 4.626 postagens. O período analisado vai de 28 de agosto a 4 de setembro, a partir de uma lista de usuários relevantes monitorados pelo Democracia em Xeque.

Na análise de publicações relacionadas ao termo “anistia”, o estudo identificou que as principais hashtags promovidas pelos conservadores foram #BolsonaroFree, #AnistiaJá e #AssinaCPMIdaVazaToga, ao passo que os progressistas emplacaram as hashtags #SemAnistia, #BolsonaroNaCadeia e #LulaDoLadoDoPovo. Este levantamento inclui as redes Facebook, Instagram, X (ex-Twitter), TikTok e YouTube, sem limitação a perfis específicos de influenciadores políticos.

Progressistas dominam TikTok, Facebook e Instagram, enquanto YouTube vira reduto conservador

Embora o apoio à condenação de Jair Bolsonaro tenha predominado no balanço geral das redes, o estudo do Democracia em Xeque indica que os resultados da guerra de narrativas variaram através das plataformas.

No dia 3 de setembro, quando o STF ouviu os advogados de defesa de Bolsonaro, mais de 70% das publicações sobre o julgamento no Facebook vieram de perfis progressistas, que também dominaram o discurso no Instagram (55%) e no TikTok (63%). Já no YouTube, na mesma data, o volume de vídeos postados por conservadores chegou a 80% do total. A batalha foi mais equilibrada no X — os apoiadores da condenação foram maioria no dia 3 (46%), mas caíram para 34% no dia seguinte, enquanto os defensores da anistia cresceram de 36% para 51% do montante de publicações.

Considerando o engajamento das publicações (visualizações, curtidas, comentários e compartilhamentos), o YouTube desponta como reduto fortemente à direita, com mais de 6 milhões de interações nos conteúdos do campo conservador contra 885.000 interações do lado progressista. A mesma vantagem bolsonarista é vista em interações no X (5,6 milhões) e no Instagram (5,2 milhões), ao passo que os opositores do ex-presidente lideraram no Facebook (45.550 interações) e no TikTok (574.000).

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